Doses maiores

13 de maio de 2011

A inflação e o furacão capitalista

A volta da inflação não sai das manchetes. É o “fantasma do descontrole dos preços”. Um mal “que atinge principalmente os mais pobres”, dizem os jornais. A grande maioria deles, neoliberais convictos.

Ora, neoliberais não costumam se preocupar com pobres. Por que se preocupam com a inflação?

Um palpite. O aumento constante nos preços desgasta rapidamente o valor dos salários. Faz a temperatura da luta de classes subir. Afinal, o arrocho salarial obriga até os sindicalistas mais pelegos a mostrar serviço. Greves começam a pipocar. Neoliberal não gosta disso.

Outro problema é que, geralmente, inflação é sinal de economia aquecida. Economias aquecidas costumam gerar mais emprego. Baixo desemprego aumenta o poder de negociação dos trabalhadores. Neoliberal também não gosta disso.

Não é à toa que o neoliberalismo incentivou a adoção de planos de combate à inflação no mundo todo. No Brasil, foi o Plano Real.

O interessante é que diziam que a causa da inflação dos anos 80 e 90 era o baixo valor da moeda brasileira frente ao dólar. Hoje, dizem que a causa da inflação é a enxurrada de dólares na economia mundial. É o dólar fraco!

Para acabar com a inflação, o Plano Real dolarizou a moeda brasileira. Privatizou dezenas de estatais, causou desemprego e baixos salários para milhões e multiplicou por dez a dívida pública. Tudo isso para atrelar a economia brasileira ao dólar. Agora, a inflação, que deveria ser do dólar, é nossa.

O fim da inflação era pra ser uma vitória. Foi só mais uma forma de empurrar as economias menos fortes para perto olho do furacão das crises capitalistas.

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