Doses maiores

12 de setembro de 2014

Pelé nos representa

Pelé comentou recentemente o caso do jogador Aranha. Condenou o goleiro santista por ter denunciado o racismo que sofreu por parte de vários torcedores. “Temos que coibir o racismo. Mas não é num lugar público que você vai coibir”, disse ele.

Entre 2002 e 2012, o número de homicídios de jovens brancos caiu 32,3% e o dos jovens negros aumentou 32,4%. E Pelé pede para que nos calemos.

Em março passado, um adolescente negro foi flagrado roubando. Acabou preso pelo pescoço a um poste com uma trava de bicicleta. E Pelé prefere o silêncio.

Há alguns meses, vimos a reação truculenta de lojistas, policiais e autoridades aos “rolezinhos” nos shoppings, organizados por jovens negros. E Pelé recomenda a omissão.

Nas redes virtuais, multiplicam-se os casos flagrantes de racismo. Desde piadas idiotas a imagens mostrando negros sendo humilhados em shoppings e nas ruas. E Pelé não quer escândalos.

Praticamente todos os que são mortos e torturados em delegacias, prisões e outras dependências do Estado têm a pele escura. E Pelé pede sigilo e privacidade.

Do total de candidatos inscritos para as próximas eleições, 55% são brancos. Os que se assumiram negros são pouco mais de 9%. Amarelos e indígenas mal ultrapassam 1%.

Marina Silva teve a dignidade de se declarar negra em seu registro como candidata. Mas não disse palavra sobre o racismo em sua campanha. O mesmo vale para os outros dois líderes nas pesquisas eleitorais.

Pelé já tem o silêncio que almeja. O grande atleta negro ainda é sinônimo de Brasil pelo mundo. Também é a maior prova da vitória de nosso racismo.

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