Em três dias, "quinze mortos" em Salvador, relataram alguns jornais,
recentemente. Como sempre, as vítimas eram jovens, negras e pobres. Supostos
suspeitos, julgados e executados em um só e rápido movimento pela polícia.
A excelente reportagem “O fracasso de um modelo violento e ineficaz de polícia”
mostra que episódios desse tipo estão longe de ser isolados. Escrita por
Fernanda Mena e publicada no caderno Ilustríssima em 08/02, a matéria traz
novas informações que confirmam uma velha tragédia.
Um exemplo é o conteúdo da seguinte gravação: "A gente nem começou a bater
em vocês e já tão chorando?". A voz é de um policial dirigindo-se a dois
adolescentes negros detidos como suspeitos de praticar furtos na região central
do Rio.
Logo depois, a mesma voz volta a ser ouvida: "Menos dois. Se a gente fizer
isso toda semana, dá pra ir diminuindo. A gente bate meta, né?".
Referia-se à eliminação dos dois garotos. Mas o alcance da “meta” ficou
comprometido, pois um dos adolescentes “sobreviveu porque conseguiu se fingir
de morto mesmo ao ser chutado por um dos policiais”.
Difícil encontrar exemplo mais claro das práticas de extermínio adotadas por
nossa “segurança pública”. A matéria revela que mais de 2.200 pessoas foram
mortas pelas polícias brasileiras, em 2013. No mesmo período, a polícia
norte-americana matou 409.
Os comandantes das forças repressivas locais justificam esta disparidade
apontando outra. Dizem que aqui temos seis vezes mais homicídios do que nos
Estados Unidos. Por esta lógica, o policial da gravação não deixa de ter suas
razões. Em uma fábrica de mortes, é sempre importante “bater meta, né?”
Leia também: DOPS,
DIP, PT, PSDB e outras siglas
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