Doses maiores

5 de fevereiro de 2015

A volta da “austeridade” que nunca foi embora


Em 01/02, o insuportável William Waack apresentava mais um “Globo News Painel”. O tema era “Políticas de austeridade e seus efeitos”. Os convidados, como quase sempre acontece, eram especialistas ligados ao mercado e acadêmicos fãs dele.

Durante uma discussão sobre semelhanças entre Brasil e Grécia, todos concordaram quanto às diferenças entre as situações econômicas dos dois países. Mas um dos participantes, o economista Paulo Rabelo de Castro, sugeriu que aqui, como lá, medidas de austeridade já vêm sendo adotadas há muito tempo.

Segundo Rabelo, a política econômica é a mesma desde FHC. Trata-se da combinação superávit primário e juros altos. E citou a contribuição petista para a continuidade dessa história. Há dez anos, disse ele, o Brasil vem mantendo uma média de 3% do PIB destinado ao superávit primário. Algo que nenhuma economia do mundo fez, garantiu.

O superávit primário representa uma enorme sangria dos recursos públicos. São cerca de R$ 67 bilhões embolsados anualmente por 20 mil famílias através dos títulos da dívida pública brasileira. O Bolsa-Família paga R$ 25 bilhões a 14 milhões de famílias.    

Rabelo é presidente da SR Rating, uma agência de avaliação de risco. Também afirmou ter se formado na mesma escola que Joaquim Levy, o atual campeão das medidas de austeridade do governo Dilma. Nem um pouco inclinado a radicalismos esquerdistas, portanto.

Já a realidade, esta, sim, é radical. Em 2014, o setor industrial sofreu queda de 3,7%, mas o bancário cresceu 18%. Mesmo assim, os governistas continuam dizendo que Dilma descontentou os banqueiros. E a oposição afirma que precisamos de mais austeridade. Caminham separados na mesma direção.

Leia também: A “austeridadezinha” da ortodoxia petista

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