Engels, porra louca

Outro episódio de “Comunista de Casaca”, livro de Tristram Hunt.

No início de 1849, Engels soube de um levante popular armado republicano, em Berg, na Baviera. Como a cidade onde nascera ficava na região, ele considerou questão de honra participar do movimento.

Chegando à cidade, Engels teria falsamente alegado que havia sido enviado de Colônia para fornecer ajuda militar contra a inevitável resposta da monarquia prussiana.

Aceito o auxílio, Engels reconfigurou a defesa da cidade, fortalecendo todos os possíveis pontos de entrada das tropas inimigas.

Mas das várias lendas envolvendo a participação de Engels no movimento, a melhor teria sido seu encontro com o próprio pai, surpreso e decepcionado ao ver o filho envolvido com atividades tão radicais e violentas.

Relato confirmado, mesmo, somente o de seu trabalho coordenando a montagem de uma barricada em frente à casa do prefeito, de onde ele arrancou cortinas vermelhas para fazer bandeiras e faixas, sinalizando que a república pela qual se lutava ali era a vermelha.

A substituição da bandeira tricolor alemã pela comunista foi a gota d’água para as lideranças locais. Na manhã seguinte, agressões a Engels só foram evitadas com a rápida remoção da decoração vermelha e um pedido para que saísse da cidade.

Engels, furioso, exigiu que sua expulsão fosse comunicada por escrito e assinada por todos os membros do Comitê de Segurança Pública, que dirigia o levante.

Imediatamente, foi-lhe apresentado um documento que, em letras garrafais, solicitava que a partir daquela data Engels deixasse o município, “pois sua presença poderia gerar mal-entendidos quanto ao caráter do movimento.”

Era um Engels ainda jovem. E porra louca.

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