O governo Lula segue envolvido com acordos no Congresso, nomeações no STF, negociações com empresários, militares, latifundiários, governadores. Em meio a todos eles, muitos golpistas. Já as negociações, incluem negociatas de todo tipo e tamanho.
Quando surgiu como grande liderança sindical, nos anos 1970, Lula havia sido eleito presidente do sindicato do ABC com a bênção de pelegos da ditadura. Eles pretendiam transformar a jovem e talentosa liderança em seu fantoche. Não deu certo. Lula acabou comandando uma greve que abalou o governo dos militares, mas também lhe valeu uma temporada na cadeia.
Diferente de vários setores de esquerda, Lula representa as forças que optaram por tensionar a ampliação dos limites da democracia brasileira sem rompê-los. Isso inclui disputar eleições pra valer e não como tática para um possível levante popular ou revolução.
À frente do PT, perdeu todas as eleições presidenciais pau-a-pau com os favoritos do grande capital até ser eleito. Mas, tal como na convivência com os pelegos, assimilou vários setores da burguesia em suas coalizões governamentais.
Lula não desistiu da traiçoeira democracia nacional nem mesmo quando ela o devolveu à prisão. Nunca o perdoaram pela insistência em tentar alargar a acanhada democracia brasileira. Hoje, defende um grande acordo nacional que inclui vários de seus carcereiros.
O projeto lulista tenta abrir caminhos por dentro dos intestinos da democracia brasileira. O perigo é acabar como aqueles caranguejos que se alimentam das entranhas de animais mortos. Pode até saciar, mas um cadáver é sempre um cadáver. E quando se trata de uma democracia tão moribunda como mortal, é grande o risco de agonizar dentro dela.
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Boa, belo artigo, muito bem escrito e correto politicamente.
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