A etnomatemática é um ramo científico que mostra como a matemática não é somente aquela que conhecemos na atualidade e no Ocidente. Fórmulas que hoje consideraríamos como algébricas ou analíticas já eram descritas pelos babilônios através de procedimentos passo a passo, expressos em palavras comuns e não na metalinguagem simbólica atual.
Problemas econômicos e administrativos parecem estar na origem das antigas técnicas de cálculo. A palavra “número” vem do latim “numerus”, ou “porção de comida”. Servia para registrar os estoques de alimentos.
Segundo o filósofo Ernst Cassirer, a simbologia numérica surgiu das canções usadas para marcar o ritmo do trabalho na lavoura. Algarismo vem do nome do persa Muhammad al-Khwarizmi, bibliotecário-chefe da Casa da Sabedoria de Bagdá, que escreveu um livro fundamental de cálculos no século 9.
Algarismo deu origem ao conceito de algoritmo, que nada mais representava que os procedimentos incorporados em rituais e práticas, muitas vezes transmitidos oralmente, sem serem formalizados em linguagem numérica.
A grande diferença para os atuais algoritmos de inteligência artificial é que os dados já não são informações passivas. Pelo contrário, as próprias regras iniciais que os geram são alteradas automaticamente, à medida que novos dados se incorporam.
É uma inovação poderosa que, mais do que nunca, oculta tanto suas origens sociais como suas ligações com um sistema que aperfeiçoa e aprofunda a exploração do trabalho humano.
As informações acima estão no livro “O Olho do Mestre”, de Matteo Pasquinelli. Mostram que a matemática e demais ciências exatas são produto humano e, como tal, precisam ser apropriadas e orientadas para fins que contemplem o conjunto da humanidade.
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