Doses maiores

12 de julho de 2012

Demóstenes sempre foi ficha limpa

Há pouco que comemorar na cassação de Demóstenes Torres. É certo que o caso é raro. Em quase 200 anos, é o segundo senador a sofrer a punição. Mas tal raridade certamente não se deve à honestidade reinante entre os senadores. Basta lembrarmos que o atual presidente da Casa é ninguém mais que José Sarney.

O fato é que Demóstenes abusou da confiança de seus colegas. Posou de paladino da moralidade, acusou, apontou o dedo para vários deles e se fez campeão da “ficha limpa”. Esqueceu de combinar com o restante dos gatunos que o rodeavam. O resultado é a injustiça que lhe fizeram.

Injustiça, sim. A grande mídia sempre lhe reconheceu os serviços prestados. Afinal, em dezembro de 2009, a revista Época colocou o senador goiano entre os 100 brasileiros mais influentes. Texto de Demétrio Magnoli elogiava a disposição de Demóstenes no combate às “cotas raciais”. Causa que o senador defendeu usando argumentos racistas.

Foi considerado um dos senadores mais produtivos da Casa. Apresentou mais de mil projetos. Entre eles, a redução da maioridade penal para 16 anos em casos de crimes hediondos. Para tristeza dos conservadores, não obteve sucesso.

O senador apareceu várias vezes na lista de "Cabeças do Congresso", do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar. O site “Congresso em Foco” o colocou em oitavo lugar entre os melhores parlamentares de 2011.

Demóstenes não pagou por sua amizade com Cachoeira. Foram as inimizades que cultivou em uma casa feita para governar para poucos que o condenaram. Sua ficha junto aos ricos e poderosos sempre foi mais do que limpa. 

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