Recentes relatórios
sobre as duas catástrofes falam em erros humanos. No avião, a tripulação não
teria sabido lidar com a pane de um equipamento. No caso da usina, o maior problema
seria a falta de políticas governamentais de prevenção.
Há interesses
poderosos em jogo. No caso francês, indenizações às famílias, a indústria aeronáutica e o mercado turístico. No japonês, culpar pessoas pode justificar a
continuidade do uso da energia nuclear. Os terremotos e tsunamis não seriam o
maior problema. Os bilhões investidos naquela tecnologia estariam salvos.
As eventuais falhas
podem estar relacionadas a vários aspectos: treinamento, projeto,
procedimentos, legislação, governos, sistemas, indivíduos, equipes. Podem ser resultado
de fatores próximos ou não do local e do momento dos acidentes. Mas jamais deixam
de ser eventos que resultam de nossas ações e escolhas.
A natureza não se
engana. Nós é que costumamos estar na hora e lugar errados. Quanto às falhas divinas,
costumam ficar acima do bem e do mal. Assim, se há erro, só pode ser humano.
Nos casos acima, há muitos. Mas o maior deles é comum a estas e a muitas outras
calamidades contemporâneas.
Em algum
momento da história recente de nossa espécie erramos feio. Com o capitalismo,
passamos a medir tudo por seu valor em dinheiro. Perdas humanas tornaram-se meros detalhes
em disputas em torno de somas bilionárias. É muito humano. E é estúpido,
também.
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