Doses maiores

28 de setembro de 2012

Sobre greves e ex-grevistas

Com a economia em baixa, as greves são cada vez mais frequentes. E a intolerância dos patrões aumenta, incluindo muitos ex-sindicalistas que fazem papel de empregadores nos governos que integram. Portanto, seria bom lembrarmos o que representam as greves.

A greve é o único momento em que patrões e trabalhadores podem ficar em condições de igualdade. Ela mostra quem realmente é essencial à produção e ao andamento dos serviços. Mesmo assim, a ameaça de demissões está sempre presente.

No caso dos servidores públicos, essa ameaça é bem menor. Mas sua condição legal também é muito mais fraca. Os servidores não têm direito a acionar a Justiça Trabalhista, por exemplo. Sua data base é constantemente desrespeitada sem que nada aconteça.

As greves também bagunçam a hierarquia. Patrões e empregadores em geral perdem o controle absoluto dos locais de trabalho que estão paralisados. Fica bem mais aparente que a autogestão é perfeitamente possível.

O direito à greve é inquestionável em qualquer democracia. Por isso, o pagamento dos dias parados não é privilégio. Seu desconto é que é abusivo e não deveria acontecer para grevistas de nenhum setor.

É verdade que a greve não é incompatível com o capitalismo. Pode até ajudar na regulação do mercado de trabalho. Muitas vezes, cria a ilusão de que melhorar os salários pode trazer justiça social. Mas esta só é possível com o fim da exploração capitalista.

Ainda assim, a greve é perigosa porque é pedagógica. Ensina aos explorados a resistir. E mostra como antigos lutadores se renderam ao peleguismo. Desaprenderam tudo. Merecem nota 10 dos patrões e todo nosso desprezo.

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