A ação dos black blocs coloca
em questão o papel da violência revolucionária. Tema que Engels abordou em uma introdução ao livro “As Lutas de Classes na França”, de Marx. Até 1848, diz o texto, os
enfrentamentos entre revoltosos e o exército se davam em relativa igualdade de condições.
Até então, as forças populares podiam fabricar suas próprias munições.
Mas com a produção industrial
de armamentos, o poderio militar da burguesia ficou incomparavelmente maior. Desde
então, diz Engels, “os poderes dirigentes” tentam atrair as forças populares
para o combate aberto, apenas para transformá-las em carne para seus canhões.
Ou seja, desde meados do
século 19, a derrota militar das forças da repressão teria deixado de ser fator
decisivo para a vitória das revoluções. A Revolução Russa, por exemplo, começou
sem enfrentamentos bélicos. As tropas do czar simplesmente se recusaram a
atacar os revoltosos. Depois é que veio banho de sangue promovido pela reação conservadora.
Isso não quer dizer que os
combates de rua já não joguem nenhum papel, diz Engels. Mas a inferioridade
militar “terá que ser compensada por outros fatores”. Entre eles, a organização
em larga escala dos explorados, muito mais numerosos que seus exploradores.
As ações dos black blocs não são
necessariamente contraditórias com essa avaliação. Eles alegam que são atos simbólicos
e não militares. Seus alvos são coisas, não pessoas, e procuram limitar-se à
autodefesa. Mas isso também não quer dizer que suas opções estejam corretas.
É este o debate a ser feito. Passa
muito longe da criminalização e do isolamento de manifestantes com quem possamos
ter diferenças táticas, mesmo que profundas.
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já fomos black blocs
http://pilulas-diarias.blogspot.com.br/2014/02/os-black-blocs-e-violencia.html
ResponderExcluirEis uma resposta para o problema revolucionário. Engels aí tende a defender que se tornou mais importante ganhar as consciências ou os corações e mentes para a revolução do que fazer uso da violência. O autor do texto, Sérgio Domingues, defende os blacks blocs como sendo violentos apenas com as coisas que representam o poder do capitalismo, mas não com as pessoas. Então, cabe perguntar a ele se os que mataram o cinegrafista com um rojão eram mesmo black blocs?! Se não eram, teriam alguma relação com as milícias e/ou com a direita, até mesmo com algum serviço secreto, já que o advogado deles fez a defesa de milicianos e afirma a existência duma conspiração política que financia black blocs e com esta acusação parece estar viabilizando uma legislação antiterrorista bem ao gosto da direita?!
Porém, qual a finalidade de ser violento com as coisas, com os símbolos do capitalismo, com as propriedades e não com os proprietários?!
Além disso, a posição de Engels serviu ao desenvolvimento da socialdemocracia?! Ou, para além da socialdemocracia, ela possui uma serventia mais duradoura e consequente de modo que a tal democracia direta dos movimentos sociais da atualidade que tanto encantam o Augusto de Franco seria precisamente o foco do texto de Engels e, então, nesse caso, toda uma outra maneira de conceber a revolução, a prática, a relação com a representação, com o Estado, com a máquina de Estado, com o monopólio estatal da violência e também com o monopólio social da violência estaria em foco e tentando responder se é viável, desejável, realizável. Ou não é esta a conclusão a ser tirada da menção ao pensamento de Engels sobre a violência pela revolução?!
Não acho que acudados da morte do cinegrafista fossem black blocs. Se fossem, estariam de mascaras e não seriam identificados tão facilmente. Também não acho que sejam conspiradores da direita. O advogado é que parece ter se aproveitado da situação para fazer o jogo da direita.
ExcluirSe a posição de Engels serviu ao desenvolvimento da socialdemocracia? Acho que serviu, sim. Mas muitos outros trechos e escritos dele e de Marx também podem ter servido. E esta introdução, em especial, costuma ser citada pelos reformistas omitindo a importância que Engels continuava a dar às ações de rua. Recortes e descontextualizações também fazem parte da luta de classes.
Valeu o comentário!