Vamos usar o modelo preferido
dos neoliberais para relacionar a dívida pública à desigualdade social brasileira.
Imagine uma família com seis filhos. Cinco deles e a mãe passam fome. Enquanto
isso, um dos filhos e o pai vivem no maior luxo.
Essa mesma família tem
guardados R$ 300 mil. Mas ninguém pode mexer nesse dinheiro. Ele está reservado
para pagar os juros de uma dívida contraída pelo pai junto a agiotas
vigaristas. O pagamento precisa ser honrado mesmo que a maior parte da família
passe fome.
Esta é a situação da dívida
pública brasileira, atualmente em R$ 2,3 trilhões. Somente o pagamento de seus juros
ficará com 42% dos recursos do orçamento público em 2014. Enquanto isso, para a
saúde irão menos de 4%, a educação ficará com pouco mais de 3% e os transportes,
1%.
Para rolar dessa dívida, o
governo vende títulos que pagam os maiores juros do planeta. São corrigidos
pela taxa Selic, que está em 10,5%. Segundo um estudo de Marcio Pochmann
divulgado em 2009, apenas 20 mil famílias brasileiras detém 80% desses papéis
tão rentáveis.
Mas o que pouca gente sabe é
que taxa de juros paga pela dívida pública é ainda maior. Ela é resultado da
diferença entre os altos juros pagos pelo Tesouro a seus devedores e os juros
módicos que cobra nos empréstimos que faz ao setor privado. O resultado é uma
taxa de estratosféricos 19,8%!
Ou seja, enquanto quase toda
a família passa fome, o pai nada em dinheiro, engorda o agiota e ainda empresta
bem barato a grandes empresários. Moral da história? Não tem nenhuma.
Leia também: Sua família dá lucro?
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