Seu verso inicial diz “Ele vinha sem muita conversa, sem muito explicar”, referindo-se ao filho de uma prostituta, e termina com “Me conhecem só pelo meu nome de menino Jesus”. Claro que a estupidez da censura vetou.
Chico, aconselhado por seu advogado, escreveu uma explicação:
O texto conta
a história da mulher que se apaixona, como tantas outras, por um aventureiro
que parte, como tantos outros, e do filho que nasce sem pai, como tantos
outros. O poema – é um poema – difere dos demais pela maneira singela como a
autora aborda o problema da mãe solteira. Nada de abortos, de fugas, nada de
entregar o filho a um orfanato ou deixá-lo à porta de uma Igreja. A mãe,
desesperada, alucinada, “com o olhar cada dia mais longe”, simplesmente dá ao
filho o nome de Jesus. Um pouco por alucinação, mas também por ignorância. Um
pouco por devoção, “por ironia ou por amor”. E um pouco, entende-se, para se
comparar à Virgem Maria e se isentar de qualquer pecado. Finalmente temos o
filho feito homem, igual a todos os homens, pequeno como todos os mortais,
fraco demais para carregar às costas o nome de Jesus Cristo. E é só isso o
poema.
Mas o censor manteve a proibição.
E é a este tipo de asneira que os saudosos da ditadura querem retornar.
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