Doses maiores

12 de agosto de 2015

Vito Giannotti e a história da luta dos trabalhadores

Edson Dias
Em seu livro “História das lutas dos trabalhadores no Brasil”, Vito Giannotti explica porque a classe trabalhadora tem que contar sua própria história.

Segundo ele, na história oficial só são citados “presidentes, ministros, generais, reis e rainhas”. Fala-se de tudo, “só não se fala dos trabalhadores”. Para comprovar, Vito apresenta um documentário da editora Abril, de 1989, centenário da proclamação da República.

Destaca, especialmente, os vinte anos entre 1944 e 1964. Período marcado pela forte presença da classe operária, milhares de greves, manifestações e lutas no campo e na cidade. Todas travadas corajosamente por homens e mulheres e que só seriam barradas pela repressão sanguinária e covarde do golpe de 1964.

Mas, diz Vito, o documentário focaliza aquele pedaço da História do Brasil sem que apareçam as palavras “operário”, “greve” ou “classe trabalhadora”. E exemplifica com um levantamento de quantos segundos a produção dedica a “vários fatos ou factoides” daquele período:

- Cassação do PCB, partido com 16 deputados federais = 5 segundos
- Criação da Petrobrás = 7 segundos
- Cassação de um ilustre desconhecido e insignificante deputado, fotografado de casaca e cueca = 12 segundos
- Derrota da candidata brasileira no “Miss Universo” = 17 segundos
- Quantas vezes é falada a palavra greve = nenhuma
- Quantas vezes é falada a palavra operário = nenhuma
- Quantas vezes é falada a palavra classe operária = nenhuma

“Esta é uma bela aula de como a burguesia trata nossa história”, conclui ele. E uma linda aula de um mestre da comunicação e educação para a revolução e a liberdade, concluímos nós.

Valeu, de novo, Vitão!

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Um comentário:

  1. É, apesar de conhecer pouco, e ter visto só uma vez, este sujeito sempre me passou muita ternura. Muitas vezes difícil de aparentar para quem tem que ter uma postura firme de luta pelo direito dos trabalhadores.
    No blog anterior fiz um comentário de ódio, neste de amor.

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