Doses maiores

30 de setembro de 2020

Estados Unidos x China: guerra fria de sinais trocados (2)

Segundo Kishore Mahbubani, em seu livro “A China venceu?”, na Guerra Fria, os Estados Unidos eram frequentemente flexíveis e racionais na tomada de decisões, enquanto a União Soviética era rígida e doutrinária. 

Hoje, na nova “guerra fria” entre China e Estados Unidos acontece o contrário, diz ele. Os Estados Unidos se comportam como a União Soviética, e a China age como os Estados Unidos.

Por exemplo, observa o autor, é irracional que os Estados Unidos aumentem seus gastos militares, pois já possuem armas suficientes para destruir a China várias vezes. Portanto, o lógico seria que os estadunidenses reduzissem seus gastos militares e redirecionassem recursos para áreas críticas, como pesquisa e desenvolvimento tecnológico.

Os Estados Unidos têm 6.450 armas nucleares dos Estados Unidos. A China tem 280. Mas, se 280 é suficiente para impedir a América (ou a Rússia) de lançar um ataque nuclear à China, por que pagar mais?

O problema é que os gastos com defesa estadunidenses não são decididos segundo uma estratégia racional, mas são produto de um complexo e poderoso lobby da indústria armamentista e de equipamentos pesados.

Enquanto isso, diz Mahbubani, os chineses não estão aprisionados por nenhum lobby desse tipo. Estão mais preparados para tomar decisões coerentes de longo prazo para manter a China segura.

Para completar a ironia da situação, o autor lembra que, perto de sua derrocada, a União Soviética envolveu-se em uma invasão desastrosa do Afeganistão. Hoje, adivinhem quem está gastando trilhões de dólares em uma ocupação militar daquele mesmo país?

Amanhã, voltaremos a essa interessante comparação feita por Mahbubani entre União Soviética, Estados Unidos e China.

Leia também: Estados Unidos x China: guerra fria de sinais trocados

2 comentários:

  1. Acho que serve para tudo, é a comparação entre uma economia planejada e estatal com outra privada e consequentemente desorganizada.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sim, mas ambas igualmente procurando garantir a reprodução das relações capitalistas.

      Excluir