Arthur Finkelstein militava, desde muito jovem, no Partido Republicano. No final dos anos 70, teve um papel decisivo na projeção no cenário nacional estadunidense do então governador da Califórnia, Ronald Reagan. Já nessa época, seu método era o “microtargeting”. Ou seja, análises demográficas sofisticadas e sondagens de boca de urna entre os participantes de eleições. Levantamentos que vão permitir identificar os diversos grupos para os quais devem ser enviadas mensagens segmentadas.
O Facebook ainda está longe, mas Finkelstein já utiliza maciçamente cartas e telemarketing para mapear os partidários em potencial de seus clientes. Mas seu verdadeiro talento consiste, desde o começo, não tanto em promover seu candidato, mas em destruir seus adversários. Segundo ele, "uma forma de arte".
Em 1996, Finkelstein desembarca em Israel. Com uma campanha violentíssima, totalmente inédita em Israel, pinta o pacifista Shimon Peres como um traidor da pátria. No lado oposto, o slogan criado para o candidato conservador é simples e eficaz: “Benjamin Netanyahu é bom para os judeus”.
Netanyahu conquista a maioria graças a um punhado de votos de diferença e é eleito primeiro-ministro. Desde então, continuou a fortalecer sua hegemonia política utilizando a simples linha divisória estabelecida por Finkelstein: nós contra eles, eles contra nós, o povo de um lado, seus inimigos do outro.
Este é mais um relato do livro "Os engenheiros do caos", recentemente publicado por Giuliano Da Empoli. Mostra como a manipulação das comunicações para fins políticos é muito menos recente do que parece.
Mais do que causa, as novas ferramentas virtuais são consequência de um sistema que sempre colocou a política a serviço da classe dominante.
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