Giuliano Da Empoli inicia seu livro “Os Engenheiros do Caos” sustentando que, no
decorrer de todo o século 20, a Itália foi “o laboratório onde foram conduzidas
experiências políticas vertiginosas”. Do fascismo ao maior partido comunista do
Ocidente.
Portanto, afirma ele, não deveria surpreender que, no início do século 21,
surgisse na Itália o “Vale do Silício do populismo”, referindo-se à utilização
das redes digitais por forças políticas em disputas eleitorais.
O primeiro relato do livro envolvendo esse tipo de atuação é sobre o Movimento
5 Estrelas (M5S). O grande atrativo dessa organização seria uma proposta de democracia
direta, em que seus participantes tomam todas as decisões por um processo de
consulta on-line permanente.
Mas, na verdade, diz o autor, o M5S funciona como o “PageRank” do
Google. Ele não tem visão, programa, qualquer conteúdo ou agenda positivos. É
um simples algoritmo construído para aferir o consenso sobre certos assuntos e
tópicos.
Segundo esse método de funcionamento, para onde quer que a opinião pública se
inclinasse, o M5S mudaria de posição. Esse “partido-algoritmo” teria por único
objetivo satisfazer de modo rápido e eficaz a demanda de consumidores
políticos.
Numa entrevista ao Corriere della Sera, o chefão do M5S, Davide Casaleggio, definiu
desse modo a organização que comanda: “A velha partidocracia é a Blockbuster,
nós somos a Netflix".
O problema é que, prisioneiro da mesma lógica que rege os negócios da locadora de vídeos ou do serviço de
streaming, o M5S jamais irá além dos limites impostos pelo sistema de
dominação. Não à toa, surgiu como movimento de esquerda e se inclina cada vez
mais à direita.
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Essa Itália é profícua para tudo, não. Fascismo, comunismo, nas artes futurismo, neorealismo etc.
ResponderExcluirSim, para o bem e para o mal. Mas a contagem ainda está muito a favor do mal. Vinte anos do governo fascista de Mussolini não é pouca coisa
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