Mais um interessante relato do livro "Os Engenheiros do Caos", de Giuliano Da Empoli.
Em 2016, os britânicos foram às urnas para votar em um plebiscito sobre a saída ou não do Reino Unido da União Europeia. O famoso “Brexit”.
O principal estrategista da campanha em favor do Brexit era Dominic Cummings. Certa vez, ele escreveu em seu blog: “Se você quer fazer progresso em política, meu conselho é contratar físicos, e não especialistas ou comunicadores.”
Cummings organizou sua campanha com a ajuda de uma equipe de cientistas originários das melhores universidades da Califórnia e de uma empresa canadense de Big Data ligada à Cambridge Analytica. A eles pediu apenas o seguinte: digam para onde devo enviar meus voluntários, em que portas devo bater, a quem devo mandar e-mails e mensagens nas redes sociais e com quais conteúdos.
Muitos cientistas sonham reduzir o governo da sociedade a equações matemáticas que suprimissem as margens de irracionalidade e de incerteza inerentes ao comportamento humano.
Nos últimos anos, essa aspiração tem se tornado muito próxima de se concretizar. É o que mostrou o referendo sobre o Brexit. Ainda que por pequena margem, o resultado foi favorável à saída dos britânicos da União Europeia.
As redes virtuais se generalizaram e os comportamentos humanos começaram a produzir um fluxo de dados que podem ser mensuráveis. “Cada um de nós se desloca voluntariamente com sua própria ‘gaiola de bolso’, um instrumento que nos torna rastreáveis e mobilizáveis a todo momento”, diz Da Empoli.
O que exatamente os físicos têm a ver com tudo isso, é o que abordaremos na próxima pílula.
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