Doses maiores

24 de setembro de 2020

Na campanha eleitoral, esqueça os marqueteiros. Chame os físicos

Mais um interessante relato do livro "Os Engenheiros do Caos", de Giuliano Da Empoli.

Em 2016, os britânicos foram às urnas para votar em um plebiscito sobre a saída ou não do Reino Unido da União Europeia. O famoso “Brexit”.

O principal estrategista da campanha em favor do Brexit era Dominic Cummings. Certa vez, ele escreveu em seu blog: “Se você quer fazer progresso em política, meu conselho é contratar físicos, e não especialistas ou comunicadores.”

Cummings organizou sua campanha com a ajuda de uma equipe de cientistas originários das melhores universidades da Califórnia e de uma empresa canadense de Big Data ligada à Cambridge Analytica. A eles pediu apenas o seguinte: digam para onde devo enviar meus voluntários, em que portas devo bater, a quem devo mandar e-mails e mensagens nas redes sociais e com quais conteúdos.

Muitos cientistas sonham reduzir o governo da sociedade a equações matemáticas que suprimissem as margens de irracionalidade e de incerteza inerentes ao comportamento humano.

Nos últimos anos, essa aspiração tem se tornado muito próxima de se concretizar. É o que mostrou o referendo sobre o Brexit. Ainda que por pequena margem, o resultado foi favorável à saída dos britânicos da União Europeia.

As redes virtuais se generalizaram e os comportamentos humanos começaram a produzir um fluxo de dados que podem ser mensuráveis. “Cada um de nós se desloca voluntariamente com sua própria ‘gaiola de bolso’, um instrumento que nos torna rastreáveis e mobilizáveis a todo momento”, diz Da Empoli.

O que exatamente os físicos têm a ver com tudo isso, é o que abordaremos na próxima pílula.

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