Ele responsabiliza o “nazi-stalinismo” russo liderado por Putin. Mas, adverte que alguém mais a quis com vigor e a está alimentando ativamente. Afinal, diz Bifo, se em fevereiro a União Europeia tivesse convocado uma conferência internacional para discutir as demandas do governo russo, a máquina de guerra poderia ter sido detida. Em vez disso, preferiram alimentar o fogo.
Em certo momento, ele se pergunta o que faria se estivesse na Ucrânia:
Se eu vivesse em Kiev e alguém me explicasse que tenho que defender o Mundo Livre, a Democracia, os Valores do Ocidente, palavras com letras maiúsculas, eu desertaria. Mas talvez optasse por me unir à resistência para defender minha casa, meus irmãos... Palavras com letras minúsculas.
Mas quanto ao panorama geral, Berardi entende que, pela primeira vez, delineia-se um cenário geopolítico que percorre a linha de fratura colonial. “Os impérios brancos do passado colidem ou se unem, enquanto o mundo não-branco emerge no horizonte”.
A guerra “inter-branca” da Ucrânia, conclui o autor, “é o catalisador de um processo de fratura entre o sul e o norte do mundo, do qual estamos vendo apenas os primeiros movimentos”. E lembra o que teria teorizado MaoTsé-Tung nos anos 1960, ao prever “que os subúrbios logo estrangulariam as metrópoles”.
Resta saber se teremos tempo e capacidade de sufocar nossos inimigos antes que nos falte o ar.
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Boa indicação! abraço!
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