Doses maiores

8 de fevereiro de 2025

Redemocratização e onda conservadora no Brasil e em Portugal

Em dezembro, a Revista Poli trouxe uma entrevista com o pesquisador português Manuel Loff. Entre os vários temas abordados está uma comparação entre os processos de redemocratização em Portugal e no Brasil, nos anos 70/80. O primeiro surgiu de uma revolução. O segundo de um acordo pelo alto.

Essa enorme diferença possibilitou que, em Portugal, as conquistas sociais e democráticas fossem muito mais sólidas e duráveis. Por outro lado, a sociedade portuguesa tinha mais a perder. No Brasil, ao contrário, partimos de uma situação sob grande controle das classes dominantes, mas os movimentos sociais e a esquerda foram avançando em suas conquistas com muita luta, ainda que gradualmente.

Como Loff destaca:

...são dois processos muito diferentes. Um, o português – não quero exagerar, mas fazendo uma mediana do processo –, permanentemente em perda; o outro, brasileiro, permanentemente em ganho – lento, muito lento –, até 2014. E desde então o processo, como em muitos outros países onde o neoliberalismo se transforma em opção autoritária, faz chegarmos a pontos relativamente semelhantes da política econômica.

O ano de 2014 marcaria a virada conservadora no Brasil, com o início da campanha pelo impeachment de Dilma. Em Portugal, o governo socialista começava a consolidar privatizações que foram impostas ao país para seu ingresso na zona do euro, no final do século passado.

Dada a origem revolucionária do processo de redemocratização lusitano, a extrema-direita enfrentou maior resistência para se tornar uma força política viável. Mas isso vem mudando rapidamente. Em março de 2024, o partido neofascista “Chega” pulou de 12 para 48 cadeiras no parlamento nacional.

Leia a íntegra da entrevista aqui.

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