Cinco das seis centrais sindicais legalmente reconhecidas no País estão com a candidatura Dilma Roussef. CUT, NCST, CTB e CGTB disseram isso claramente. A Força Sindical ainda não. Mas seu presidente, o Paulinho, já declarou voto na petista. Tanto apoio não tem nada a ver com a luta dos trabalhadores. Com estas, Dilma não tem a menor intimidade.
O fato é que os burocratas do movimento sindical estão felizes com o governo da dupla PT/CUT. O fim do imposto sindical foi bandeira de luta de petistas e cutistas por muitos anos. No poder, foi esquecida. Ao primeiro governo de Lula nem todos os pelegos aderiram. No segundo mandato, já não têm do que reclamar. Desde o início de 2008, uma parte da contribuição sindical está sendo transferida para as centrais reconhecidas pelo governo. Desde então, já receberam mais de R$ 146 milhões. Sem falar nos muitos cargos públicos ocupados. Apoio garantido.
Não se trata da “república de sindicalistas” de que falam alguns babões de direita. É só um governo cheio de peões a serviço do grande capital.
A única central oficializada a negar apoio a Dilma é a UGT, ligada ao PPS e ao DEM. Apóiam José Serra. A parte dela no repasse ficou em R$ 24 milhões. Mal agradecida!
Blog de Sérgio Domingues, com comentários curtos sobre assuntos diversos, procurando sempre ajudar no combate à exploração e opressão.
31 de maio de 2010
28 de maio de 2010
Dívida pública II: mais injustiça
Desde 2008, o governo Lula comemora o fim da dívida externa. Na verdade, a maior parte dela transformou-se em dívida interna. As duas juntas somam mais de R$ 2 trilhões, devidos pelos vários níveis de governo a empresas e banqueiros.
Somente parte de seus juros é paga todos os anos. O principal continua rolando às custas de cortes nas verbas da saúde, educação, transportes, habitação, aposentadoria.
Enquanto isso, os ricos investem em títulos da dívida interna, que são corrigidos pela maior taxa de juros do mundo. Assim, quem já tem muito, fica com mais.
É o que mostra o estudo “Os Ricos no Brasil”, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado ao governo federal. Segundo a pesquisa, cerca de 20 mil famílias brasileiras ficam com 70% dos juros pagos pelos títulos da dívida pública.
Além disso, em 95, o governo Fernando Henrique acabou com a distinção constitucional entre empresa brasileira e estrangeira. Em 2006, o governo Lula livrou do pagamento de impostos estrangeiros que investem em títulos públicos. Tudo isso junto significa que os mesmos setores de sempre continuam a lucrar com essa ciranda imoral.
Por isso, deixaram a dívida externa morrer. Sua herdeira está aí, enchendo a barriga dos ricos e se alimentando das desgraças dos pobres.
Somente parte de seus juros é paga todos os anos. O principal continua rolando às custas de cortes nas verbas da saúde, educação, transportes, habitação, aposentadoria.
Enquanto isso, os ricos investem em títulos da dívida interna, que são corrigidos pela maior taxa de juros do mundo. Assim, quem já tem muito, fica com mais.
É o que mostra o estudo “Os Ricos no Brasil”, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado ao governo federal. Segundo a pesquisa, cerca de 20 mil famílias brasileiras ficam com 70% dos juros pagos pelos títulos da dívida pública.
Além disso, em 95, o governo Fernando Henrique acabou com a distinção constitucional entre empresa brasileira e estrangeira. Em 2006, o governo Lula livrou do pagamento de impostos estrangeiros que investem em títulos públicos. Tudo isso junto significa que os mesmos setores de sempre continuam a lucrar com essa ciranda imoral.
Por isso, deixaram a dívida externa morrer. Sua herdeira está aí, enchendo a barriga dos ricos e se alimentando das desgraças dos pobres.
27 de maio de 2010
Dívida pública: pirata e cara!
Dias atrás, apareceu na imprensa: “Pesquisa da Fecomércio do Rio aponta que 46% das pessoas adquiriram produtos piratas em 2009; para 94%, principal motivo é o preço”. Conclusão a que chegaria qualquer criança com mais de 5 anos de idade.
Já a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) diz que o Brasil perdeu US$ 20 bilhões com pirataria no ano passado. Trata-se de impostos não arrecadados e prejuízos para as empresas.
Sobre os prejuízos empresariais, os neoliberais dizem que o mercado deve ser deixado livre para regular oferta e procura. Então, o que o mercado está sinalizando ao buscar produtos piratas? Que é preciso baixar os preços e não sair caçando vendedores ambulantes.
Já em relação aos impostos, sabemos como é gasto o dinheiros dos impostos no Brasil. É assim: uns 48 % vão para juros e refinanciamento da Dívida Pública. Já, os orçamentos da Saúde e Educação ficam com pouco mais de 5%. A dívida pública é formada pelas dívidas interna e externa. Está em pouco mais de R$ 2 trilhões. São 2/3 de tudo o que a economia produz num ano.
Onde exatamente foi aplicado tanto dinheiro não se sabe. Mas não foi em nada que melhorasse a vida da grande maioria do povo brasileiro.
Se tem alguma coisa que consegue ser pirata e muito cara neste país é essa dívida.
Já a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) diz que o Brasil perdeu US$ 20 bilhões com pirataria no ano passado. Trata-se de impostos não arrecadados e prejuízos para as empresas.
Sobre os prejuízos empresariais, os neoliberais dizem que o mercado deve ser deixado livre para regular oferta e procura. Então, o que o mercado está sinalizando ao buscar produtos piratas? Que é preciso baixar os preços e não sair caçando vendedores ambulantes.
Já em relação aos impostos, sabemos como é gasto o dinheiros dos impostos no Brasil. É assim: uns 48 % vão para juros e refinanciamento da Dívida Pública. Já, os orçamentos da Saúde e Educação ficam com pouco mais de 5%. A dívida pública é formada pelas dívidas interna e externa. Está em pouco mais de R$ 2 trilhões. São 2/3 de tudo o que a economia produz num ano.
Onde exatamente foi aplicado tanto dinheiro não se sabe. Mas não foi em nada que melhorasse a vida da grande maioria do povo brasileiro.
Se tem alguma coisa que consegue ser pirata e muito cara neste país é essa dívida.
26 de maio de 2010
CBN: Melhor ser surdo?
No programa CBN Brasil de hoje, Carlos Sardenberg resolveu comentar um e-mail enviado por um ouvinte, que se dizia bastante satisfeito recebendo o seguro-desemprego. Afinal, antes ele recebia 600 reais brutos trabalhando numa empresa. Agora, embolsava 510 reais líquidos na maior boa vida.
Sardenberg comentou a mensagem em tom de aprovação. Nem mesmo omitiu o fato de que a “boa vida” deve durar somente os cinco meses que correspondem ao pagamento do benefício. E ainda arrematou fazendo um paralelo com a crise na Europa, insinuando que por lá abundam direitos como esse.
O ouvinte em questão tem todo o direito de pensar a estupidez que quiser. Já, Sardenberg poderia poupar nossos ouvidos.
Aliás, o mesmo Sardenberg vinha dizendo há meses que a crise acabou. Com os problemas na Europa, teve que engolir suas palavras. E o fez na maior cara de madeira.
Em 25 de maio, ele foi mediador do VI Fórum Globo News com o tema “A economia global no mundo pós-crise”. Iniciou o debate perguntando se, diante do que vem acontecendo na Europa, não seria melhor falar em economia global no mundo “ainda em crise” ou “durante a crise”.
Ouvir a CBN nos faz duvidar sobre as vantagens de contar com boa audição.
Sardenberg comentou a mensagem em tom de aprovação. Nem mesmo omitiu o fato de que a “boa vida” deve durar somente os cinco meses que correspondem ao pagamento do benefício. E ainda arrematou fazendo um paralelo com a crise na Europa, insinuando que por lá abundam direitos como esse.
O ouvinte em questão tem todo o direito de pensar a estupidez que quiser. Já, Sardenberg poderia poupar nossos ouvidos.
Aliás, o mesmo Sardenberg vinha dizendo há meses que a crise acabou. Com os problemas na Europa, teve que engolir suas palavras. E o fez na maior cara de madeira.
Em 25 de maio, ele foi mediador do VI Fórum Globo News com o tema “A economia global no mundo pós-crise”. Iniciou o debate perguntando se, diante do que vem acontecendo na Europa, não seria melhor falar em economia global no mundo “ainda em crise” ou “durante a crise”.
Ouvir a CBN nos faz duvidar sobre as vantagens de contar com boa audição.
25 de maio de 2010
Europa, escuridão e luz
A atual “crise européia” começou em 2008, nos Estados Unidos. Mas, tem suas particularidades. A mais importante delas tem a ver com a Alemanha.
O governo alemão foi o mais bem sucedido no achatamento dos salários de sua classe trabalhadora. Com isso, suas mercadorias ficaram mais baratas. Passaram a invadir os mercados dos países da zona do euro. O resultado foi diminuição da produção em alguns deles e crescimento de suas dívidas em relação à Alemanha. É o caso principalmente de Grécia, Portugal e Espanha.
Normalmente, a solução seria o país com déficit desvalorizar sua moeda. Isso poderia diminuir as importações, aqueceria o mercado interno, diminuiria o endividamento. Mas, isso é impossível para quem aderiu ao euro. A moeda é controlada pelo Banco Central Europeu, cuja sede, não por acaso, fica na Alemanha.
Ao mesmo tempo, a fraqueza dos salários de seus trabalhadores debilitou a economia alemã. A Alemanha depende da continuidade do ritmo de suas vendas externas. Mas, os fregueses estão começando a quebrar. As vendas não só estão caindo, como muito do que foi vendido pode não ser pago.
A solução racional seria aumentar o consumo dos mercados internos europeus. E para fazer isso rapidamente só com o aumento dos salários dos trabalhadores. O caminho que vem sendo adotado é o inverso. Corte de salários, aposentadorias, direitos.
Sob o capitalismo neoliberal, não esperemos racionalidade no berço do Iluminismo. Em meio a essa escuridão, só as luzes das tochas dos rebeldes gregos.
O governo alemão foi o mais bem sucedido no achatamento dos salários de sua classe trabalhadora. Com isso, suas mercadorias ficaram mais baratas. Passaram a invadir os mercados dos países da zona do euro. O resultado foi diminuição da produção em alguns deles e crescimento de suas dívidas em relação à Alemanha. É o caso principalmente de Grécia, Portugal e Espanha.
Normalmente, a solução seria o país com déficit desvalorizar sua moeda. Isso poderia diminuir as importações, aqueceria o mercado interno, diminuiria o endividamento. Mas, isso é impossível para quem aderiu ao euro. A moeda é controlada pelo Banco Central Europeu, cuja sede, não por acaso, fica na Alemanha.
Ao mesmo tempo, a fraqueza dos salários de seus trabalhadores debilitou a economia alemã. A Alemanha depende da continuidade do ritmo de suas vendas externas. Mas, os fregueses estão começando a quebrar. As vendas não só estão caindo, como muito do que foi vendido pode não ser pago.
A solução racional seria aumentar o consumo dos mercados internos europeus. E para fazer isso rapidamente só com o aumento dos salários dos trabalhadores. O caminho que vem sendo adotado é o inverso. Corte de salários, aposentadorias, direitos.
Sob o capitalismo neoliberal, não esperemos racionalidade no berço do Iluminismo. Em meio a essa escuridão, só as luzes das tochas dos rebeldes gregos.
24 de maio de 2010
Vida artificial, câncer natural
A criação de vida artificial é manchete. O responsável pelo feito é o cientista bilionário Craig Venter. Ele mesmo já disse que não se trata disso. O DNA de uma bactéria foi modificado e transferido para outra, sem DNA. O resultado foi um novo ser vivo, não a criação de vida a partir do nada.
A maior preocupação é sobre os perigos que a pesquisa representaria se seus resultados saíssem de controle. Venter é otimista. Diz que poderia produzir bactérias que se alimentassem de petróleo, por exemplo. Elas diminuiriam os efeitos de vazamentos como o que está envenenando o Golfo do México. Mas, essa mesma catástrofe mostra que as criações humanas fugiram ao nosso controle há muito tempo.
De uns 200 anos para cá, a grande maioria das invenções da humanidade serve a um grande objetivo: o lucro. O óleo mineral é usado há milhares de anos. Só quando se mostrou útil para a máquina lucrativa capitalista, tornou-se o sangue negro que gangrena a vida do planeta.
Avanços tecnológicos podem ou não ser desastrosos. No atual sistema, cada nova descoberta dispara problemas num ritmo de metástase. A célula sintética foi criada por um poderoso laboratório privado. Se permanecer sob esta lógica, será parte do câncer que se espalha pela natureza.
21 de maio de 2010
Classe C: cachaça, cerveja, consumo...
O preço da cerveja pode subir. Conseqüência de um possível aumento no valor dos impostos cobrados sobre o produto. Mas, o setor cresceu 20% em faturamento nos primeiros três meses deste ano. Dizem que parte do crescimento deve-se à chegada de mais gente à chamada classe C. A “nova classe média” estaria trocando bebidas baratas, como a cachaça, pela cerveja.
Por aí, é possível ver como a tão festejada ascensão social da Era Lula é medida somente pelo consumo e não por acesso a direitos básicos, como saúde e educação. A não ser que ao trocar uma bebida pela outra, fiquemos menos sujeitos a doenças e mais educados no comportamento. Mas, não é o caso.
Por aí, é possível ver como a tão festejada ascensão social da Era Lula é medida somente pelo consumo e não por acesso a direitos básicos, como saúde e educação. A não ser que ao trocar uma bebida pela outra, fiquemos menos sujeitos a doenças e mais educados no comportamento. Mas, não é o caso.
Ficha limpa: lavou tá novo!
O projeto que tenta impedir a eleição de pessoas com condenações judiciais pode dar em nada. Pela interpretação que anda prevalecendo, alguém como Paulo Maluf não seria afetado. Ou seja, a coisa ainda pode tornar-se um “liberou geral“ para os pilantras que querem chegar ao Congresso ou já estão nele.
De quebra, ainda pode ser usado contra gente boa. Candidatos ligados às lutas do MST, por exemplo, costumam sofrer perseguições por parte da Justiça. Podem acabar sendo os únicos barrados. É o que dá apostar em medidas imploradas a um Congresso conservador.
De quebra, ainda pode ser usado contra gente boa. Candidatos ligados às lutas do MST, por exemplo, costumam sofrer perseguições por parte da Justiça. Podem acabar sendo os únicos barrados. É o que dá apostar em medidas imploradas a um Congresso conservador.
20 de maio de 2010
Imperialismo Jr. II
Para quem se entusiasmou com o acordo entre Irã e Turquia patrocinado pelo Brasil, seria bom lembrar alguns momentos da política externa brasileira.
Em 1861, D. Pedro II recusou convite do presidente Lincoln para participar de uma invasão do México, então ocupado por tropas de Napoleão III. Só lhe interessava a parte sul do continente.
Em 1909, o Barão do Rio Branco ameaçou romper as relações com os Estados Unidos, caso seu governo continuasse a pressionar o Chile a pagar US$ 1 milhão a uma empresa norte-americana.
Em 1974, o ditador Ernesto Geisel assinou o Acordo de Cooperação Nuclear com a Alemanha, apesar dos fortes ataques da imprensa e do Congresso estadunidenses.
Em 1982, outro ditador, general Figueiredo, declarou apoio à Argentina contra a Inglaterra na Guerra das Malvinas. O objetivo era entregar a exploração do petróleo das ilhas para a Petrobrás.
Em janeiro de 1995, Fernando Henrique Cardoso negociou um cessar-fogo em conflito armado entre tropas do Equador e do Peru.
Em junho de 2001, o mesmo Fernando Henrique declarou que o “Mercosul é mais que um mercado. O Mercosul é, para o Brasil, um destino”. Na época o ex-secretário de Estado americano, Henry Kissinger, disse que essa posição significava um potencial conflito entre Brasil e os Estados Unidos sobre o controle do Cone Sul.
Em nenhum desses momentos estavam em jogo convicções anti-imperialistas ou pacifistas. O objetivo maior sempre foi viabilizar os lucros de capitais sediados no Brasil. Aqui ou em pedaços disponíveis do planeta.
O Estado brasileiro não ficou menos imperialista porque seu comando hoje é petista. Ao contrário, aumentou a pretensão de entrar para o clube dos imperialistas seniores.
Leia também: O Irã e o “imperialismo jr.” brasileiro
Em 1861, D. Pedro II recusou convite do presidente Lincoln para participar de uma invasão do México, então ocupado por tropas de Napoleão III. Só lhe interessava a parte sul do continente.
Em 1909, o Barão do Rio Branco ameaçou romper as relações com os Estados Unidos, caso seu governo continuasse a pressionar o Chile a pagar US$ 1 milhão a uma empresa norte-americana.
Em 1974, o ditador Ernesto Geisel assinou o Acordo de Cooperação Nuclear com a Alemanha, apesar dos fortes ataques da imprensa e do Congresso estadunidenses.
Em 1982, outro ditador, general Figueiredo, declarou apoio à Argentina contra a Inglaterra na Guerra das Malvinas. O objetivo era entregar a exploração do petróleo das ilhas para a Petrobrás.
Em janeiro de 1995, Fernando Henrique Cardoso negociou um cessar-fogo em conflito armado entre tropas do Equador e do Peru.
Em junho de 2001, o mesmo Fernando Henrique declarou que o “Mercosul é mais que um mercado. O Mercosul é, para o Brasil, um destino”. Na época o ex-secretário de Estado americano, Henry Kissinger, disse que essa posição significava um potencial conflito entre Brasil e os Estados Unidos sobre o controle do Cone Sul.
Em nenhum desses momentos estavam em jogo convicções anti-imperialistas ou pacifistas. O objetivo maior sempre foi viabilizar os lucros de capitais sediados no Brasil. Aqui ou em pedaços disponíveis do planeta.
O Estado brasileiro não ficou menos imperialista porque seu comando hoje é petista. Ao contrário, aumentou a pretensão de entrar para o clube dos imperialistas seniores.
Leia também: O Irã e o “imperialismo jr.” brasileiro
19 de maio de 2010
Janete Clair chegou aos telejornais da Globo
De uns tempos pra cá, os apresentadores de telejornais globais andam fazendo caras e caretas. Se a notícia é triste, a expressão fica séria. Se é mais descontraída, aparece um sorriso no canto da boca. Para novidades alegres, dentes à mostra. Tudo muito canastrão.
O casal que apresenta o Jornal Nacional chega a trocar olhares incrédulos após ouvir uma reportagem surpreendente. Como se já não soubessem de tudo com antecedência de algumas horas.
O novo modelo deve ter sido inspirado em Sandra Annenberg, atual âncora do jornal Hoje. Ex-atriz, há muito tempo a jornalista tem a irritante mania de interpretar as notícias que dá. Tudo indica que vai ficando para trás a época em que Cid Moreira apresentava o noticiário com jeito de boneco de ventríloquo.
Por outro lado, o enredo de muitas novelas se parece com pautas de revistas. Abordam temas como violência, uso de drogas, doenças mentais, etc. Não à toa, sai a novela, entra o JN. Sai o JN, entra a novela. Sem pausas para comerciais.
O problema é que o público pode ter a impressão de que está tendo acesso ao sagrado direito à informação. Na verdade, recebe dramatizações cada vez mais parciais e distorcidas. Jornalismo de verdade, só por mera coincidência.
O casal que apresenta o Jornal Nacional chega a trocar olhares incrédulos após ouvir uma reportagem surpreendente. Como se já não soubessem de tudo com antecedência de algumas horas.
O novo modelo deve ter sido inspirado em Sandra Annenberg, atual âncora do jornal Hoje. Ex-atriz, há muito tempo a jornalista tem a irritante mania de interpretar as notícias que dá. Tudo indica que vai ficando para trás a época em que Cid Moreira apresentava o noticiário com jeito de boneco de ventríloquo.
Por outro lado, o enredo de muitas novelas se parece com pautas de revistas. Abordam temas como violência, uso de drogas, doenças mentais, etc. Não à toa, sai a novela, entra o JN. Sai o JN, entra a novela. Sem pausas para comerciais.
O problema é que o público pode ter a impressão de que está tendo acesso ao sagrado direito à informação. Na verdade, recebe dramatizações cada vez mais parciais e distorcidas. Jornalismo de verdade, só por mera coincidência.
18 de maio de 2010
As mentiras sobre vida boa dos gregos
Os grandes jornais e os especialistas de sempre atribuem a crise na Grécia a excessos. Os gastos governamentais seriam elevados, o setor público inchado, os salários altos e haveria direitos trabalhistas e sociais demais.
Não são o que dizem números publicados no jornal de esquerda Socialist Worker, da Inglaterra. Alguns deles: as despesas com o setor público grego somam 40% do PIB do país. Na Inglaterra, são 45%.
Um em cada cinco gregos vive abaixo da linha da pobreza, recebendo cerca de R$ 2.600 por ano. Por volta de 14% dos trabalhadores têm renda familiar menor que R$ 1.080,00 mensais.
O valor médio das aposentadorias não chega a R$ 950,00.
O desemprego atinge cerca de 11% da população economicamente ativa. Bem antes da crise, já eram 600 mil pessoas sem emprego.
A Grécia ocupa o quinto lugar em desigualdade de renda entre os 27 membros da União Européia. Os 20% mais ricos ganham seis vezes mais que os 20% mais pobres.
A cesta básica é 66% mais cara que na Alemanha.
Os professores recebem no início da carreira, cerca de R$ 2.300, enquanto seus colegas ingleses começam com R$ 3.500.
Estes são só alguns números. Mostram que os trabalhadores gregos não são culpados pela crise. Por isso mesmo, estão nas ruas se recusando a pagar por ela.
Fonte: http://www.socialistworker.co.uk/art.php?id=21241
Não são o que dizem números publicados no jornal de esquerda Socialist Worker, da Inglaterra. Alguns deles: as despesas com o setor público grego somam 40% do PIB do país. Na Inglaterra, são 45%.
Um em cada cinco gregos vive abaixo da linha da pobreza, recebendo cerca de R$ 2.600 por ano. Por volta de 14% dos trabalhadores têm renda familiar menor que R$ 1.080,00 mensais.
O valor médio das aposentadorias não chega a R$ 950,00.
O desemprego atinge cerca de 11% da população economicamente ativa. Bem antes da crise, já eram 600 mil pessoas sem emprego.
A Grécia ocupa o quinto lugar em desigualdade de renda entre os 27 membros da União Européia. Os 20% mais ricos ganham seis vezes mais que os 20% mais pobres.
A cesta básica é 66% mais cara que na Alemanha.
Os professores recebem no início da carreira, cerca de R$ 2.300, enquanto seus colegas ingleses começam com R$ 3.500.
Estes são só alguns números. Mostram que os trabalhadores gregos não são culpados pela crise. Por isso mesmo, estão nas ruas se recusando a pagar por ela.
Fonte: http://www.socialistworker.co.uk/art.php?id=21241
17 de maio de 2010
O Irã e o “imperialismo jr.” brasileiro
A grande notícia do dia foi o acordo assinado entre o Irã e a Turquia. O acerto atenderia fortes pressões internacionais no sentido de impedir que os iranianos disponham de armas atômicas.
O governo comemora a “grande vitória da diplomacia brasileira pela paz mundial”. A oposição e a grande mídia estão tendo dificuldades para discordar.
Em primeiro lugar, o acordo parece mostrar que venceu a hipocrisia de Estados Unidos e Israel. Dois países que montaram seu arsenal atômico conseguem impedir que um outro faça o mesmo.
Em segundo lugar, tudo não passa de mais uma ação para credenciar o Brasil a fazer parte do clube dos poderosos do planeta. Os objetivos são um assento no Conselho de Segurança da ONU e conseguir mais regiões do mundo para que grandes empresas com sede no Brasil possam explorar.
É o chamado “subimperialismo” brasileiro, que existia muito antes da eleição de Lula. Já vem fazendo estragos na América Latina, África e Oriente Médio desde, pelo menos, os governos militares.
Lula só vem se revelando um ótimo advogado dessa versão júnior do imperialismo. Que briga pelas regiões que o imperialismo veterano não consegue explorar. Coisa feia!
O governo comemora a “grande vitória da diplomacia brasileira pela paz mundial”. A oposição e a grande mídia estão tendo dificuldades para discordar.
Em primeiro lugar, o acordo parece mostrar que venceu a hipocrisia de Estados Unidos e Israel. Dois países que montaram seu arsenal atômico conseguem impedir que um outro faça o mesmo.
Em segundo lugar, tudo não passa de mais uma ação para credenciar o Brasil a fazer parte do clube dos poderosos do planeta. Os objetivos são um assento no Conselho de Segurança da ONU e conseguir mais regiões do mundo para que grandes empresas com sede no Brasil possam explorar.
É o chamado “subimperialismo” brasileiro, que existia muito antes da eleição de Lula. Já vem fazendo estragos na América Latina, África e Oriente Médio desde, pelo menos, os governos militares.
Lula só vem se revelando um ótimo advogado dessa versão júnior do imperialismo. Que briga pelas regiões que o imperialismo veterano não consegue explorar. Coisa feia!
14 de maio de 2010
As cascatas da mídia sobre a crise
A abordagem que a grande mídia vem fazendo da crise européia é coisa de cascateiro. Alguns de seus comentaristas dizem que houve uma crise em 2008 que colocou em questão o capitalismo de tipo americano: desregulado, aberto à competição, com pouca proteção social etc. Já a crise atual, que começou na Grécia, colocaria em xeque o modelo europeu: com muita intervenção estatal, direitos trabalhistas exagerados, protecionista etc.
O fato é que a crise atual é a mesma que começou em 2008. Não é só a Grécia que está cheia de dívidas. No resto da Europa e nos Estados Unidos, os governos estão devendo mais do que suas economias conseguem produzir. E tais dívidas foram feitas exatamente para socorrer os bancos e seus prejuízos com o tal do “subprime”, aqueles títulos podres que sumiram do noticiário.
A idéia é mostrar que não há saída. Se nos Estados Unidos foi ruim, na Europa está sendo bem pior. A solução então é cortar direitos sociais, privatizar, acabar com serviços públicos.
Uma nova rodada da crise deve vir por aí. Com ela, mais ataques aos direitos dos trabalhadores. Zapatero já está dando sua contribuição. O “socialista” espanhol mandou cortar salários e aposentadorias.
O fato é que a crise atual é a mesma que começou em 2008. Não é só a Grécia que está cheia de dívidas. No resto da Europa e nos Estados Unidos, os governos estão devendo mais do que suas economias conseguem produzir. E tais dívidas foram feitas exatamente para socorrer os bancos e seus prejuízos com o tal do “subprime”, aqueles títulos podres que sumiram do noticiário.
A idéia é mostrar que não há saída. Se nos Estados Unidos foi ruim, na Europa está sendo bem pior. A solução então é cortar direitos sociais, privatizar, acabar com serviços públicos.
Uma nova rodada da crise deve vir por aí. Com ela, mais ataques aos direitos dos trabalhadores. Zapatero já está dando sua contribuição. O “socialista” espanhol mandou cortar salários e aposentadorias.
13 de maio de 2010
Os vários racismos
O movimento negro se recusa a aceitar 13 de maio como a data que celebra a libertação dos negros. A “Abolição” jamais significou o fim do racismo que justificava a escravidão. Os negros deixaram de ser cativos para serem abandonados ao desemprego, à mendicância, sem terras para plantar, habitações dignas, direitos básicos.
O racismo brasileiro é baseado principalmente na discriminação que leva em conta características físicas, como a cor da pele. Mas há também o preconceito racial com base na origem. É aquele que atinge pessoas identificadas com certo grupo étnico, como os judeus.
No entanto, há uma forma de racismo mais sutil. Seus defensores aceitam a igualdade biológica entre os seres humanos. Mas afirmam que há diferenças culturais que dificultam a convivência entre certos grupos populacionais. Esse tipo de discriminação vem se tornando muito forte na Europa. Principalmente, em relação aos muçulmanos. Mas africanos, caribenhos, latino-americanos, ciganos também são suas vítimas.
O 13 de Maio deveria servir, pelo menos, para mostrar como o racismo sobrevive a mudanças históricas importantes. E que sua resistência está ligada à manutenção do capitalismo.
O racismo brasileiro é baseado principalmente na discriminação que leva em conta características físicas, como a cor da pele. Mas há também o preconceito racial com base na origem. É aquele que atinge pessoas identificadas com certo grupo étnico, como os judeus.
No entanto, há uma forma de racismo mais sutil. Seus defensores aceitam a igualdade biológica entre os seres humanos. Mas afirmam que há diferenças culturais que dificultam a convivência entre certos grupos populacionais. Esse tipo de discriminação vem se tornando muito forte na Europa. Principalmente, em relação aos muçulmanos. Mas africanos, caribenhos, latino-americanos, ciganos também são suas vítimas.
O 13 de Maio deveria servir, pelo menos, para mostrar como o racismo sobrevive a mudanças históricas importantes. E que sua resistência está ligada à manutenção do capitalismo.
12 de maio de 2010
O Globo agora é contra patriotadas
A edição de hoje do jornal da elite estampa em sua capa: “Pra frente, Dunga!”. No caderno de esportes, a página toda verde-amarelada exibe “Pra frente, Brasil!!!” sob a frase “A pedido de Dunga e Jorginho”. Abaixo da foto do técnico, uma série de frases como “Todos de mãos dadas!”, “A pátria de chuteiras!” etc. São referências aos apelos de Dunga para que o povo apóie sua seleção medíocre. Tudo muito irônico.
Na página 2, Chico Otávio critica o fato de Dunga não saber dizer se a escravidão ou a ditadura militar foram boas ou não. Teria toda razão se não o fizesse nas páginas de um jornal que não tem moral alguma para cobrar esse tipo de definição.
Afinal, quando éramos apenas “90 milhões em ação”, o Globo soube dizer claramente o que era certo ou errado. Enquanto o golpe militar instalava a ditadura, o jornal publicava, em 4 de abril de 1964, a manchete “Multidões em júbilo na Praça da Liberdade”.
De alguma maneira, o Globo agora acha que ser patriota é dar colher-de-chá demais à plebe. Talvez, pense que isso ajude a candidata de Lula. Não deveria se preocupar tanto. Os candidatos mais fortes à presidência já demonstraram que torcem para o mesmo time. E não se trata da seleção.
Na página 2, Chico Otávio critica o fato de Dunga não saber dizer se a escravidão ou a ditadura militar foram boas ou não. Teria toda razão se não o fizesse nas páginas de um jornal que não tem moral alguma para cobrar esse tipo de definição.
Afinal, quando éramos apenas “90 milhões em ação”, o Globo soube dizer claramente o que era certo ou errado. Enquanto o golpe militar instalava a ditadura, o jornal publicava, em 4 de abril de 1964, a manchete “Multidões em júbilo na Praça da Liberdade”.
De alguma maneira, o Globo agora acha que ser patriota é dar colher-de-chá demais à plebe. Talvez, pense que isso ajude a candidata de Lula. Não deveria se preocupar tanto. Os candidatos mais fortes à presidência já demonstraram que torcem para o mesmo time. E não se trata da seleção.
11 de maio de 2010
Sexta-Feira 13 na Grécia
Há muito tempo, a grande imprensa, fala todos os dias que a crise capitalista de 2008 acabou. Morreu.
Melhor olhar de novo, e com atenção, para o cadáver da criatura. Parece que ele está se mexendo. Sua mais recente convulsão está fazendo muito estrago na Grécia.
Crises como a que está acontecendo não costumam morrer tão facilmente. É só olhar para a crise de 1929, que vem sendo comparada com a atual. Ela começou em setembro daquele ano, com uma queda de 48% na Bolsa de Nova Iorque. A partir de novembro, tudo parecia ter melhorado. A bolsa voltou a subir forte. Mas, em abril de 1930, houve nova queda. De setembro a dezembro, a economia fica estável. Mas, em outubro de 1931, volta a cair. A queda da bolsa chegou a 77%.
Essa “gangorra” durou até 1939, quando a 2ª Guerra Mundial reaqueceu a economia às custas de uma enorme destruição de vidas e queima de capital.
Ou seja, o enredo da crise que começou em 2008 parece saído dos filmes da série “Sexta-Feira 13”. Quando todos achavam que Jason havia morrido e a tranqüilidade imperava, ele voltava para fazer mais vítimas.
Melhor olhar de novo, e com atenção, para o cadáver da criatura. Parece que ele está se mexendo. Sua mais recente convulsão está fazendo muito estrago na Grécia.
Crises como a que está acontecendo não costumam morrer tão facilmente. É só olhar para a crise de 1929, que vem sendo comparada com a atual. Ela começou em setembro daquele ano, com uma queda de 48% na Bolsa de Nova Iorque. A partir de novembro, tudo parecia ter melhorado. A bolsa voltou a subir forte. Mas, em abril de 1930, houve nova queda. De setembro a dezembro, a economia fica estável. Mas, em outubro de 1931, volta a cair. A queda da bolsa chegou a 77%.
Essa “gangorra” durou até 1939, quando a 2ª Guerra Mundial reaqueceu a economia às custas de uma enorme destruição de vidas e queima de capital.
Ou seja, o enredo da crise que começou em 2008 parece saído dos filmes da série “Sexta-Feira 13”. Quando todos achavam que Jason havia morrido e a tranqüilidade imperava, ele voltava para fazer mais vítimas.
Os gays e a ditadura perfeita
Quem quiser ter uma idéia sobre como funciona uma sociedade autoritária que não aparenta sê-lo, deve assistir ao documentário “O Outro Lado de Hollywood”. Realizado em 1995, o filme foi dirigido e escrito por Rob Epstein e Jeffrey Friedman. Baseado num livro de Vito Russo, a produção fala da ausência de uma abordagem respeitosa da homossexualidade na grande maioria dos filmes de Hollywood.
O documentário entrevista atores, atrizes e principalmente roteiristas da indústria cinematográfica. Exibe cenas de filmes famosos, em que ou os gays são ridicularizados ou são tratados como doentes e pervertidos. Além disso, mostra como a própria indústria criou um código de censura entre os anos 30 e 60 do século passado.
Para fugir à tesoura dos censores, alguns diretores e roteiristas procuravam abordar a homo-afetividade de modo sutil. É assim que filmes como Ben-Hur, Johnny Guitar e Spartacus apresentam cenas que insinuam o amor entre pessoas do mesmo sexo, com alguma dignidade. Estes trechos eram avidamente procurados pelo público homossexual. Uma das entrevistadas do filme diz que os gays já estavam tão acostumados a “migalhas” que tais cenas pareciam banquetes.
Somente a partir dos anos 1980 é que o homoerotismo passou a ser tratado de forma mais aberta em filmes americanos. Mesmo assim, as produções sofriam fortes restrições por parte dos donos de estúdios e perseguições pela grande imprensa.
Em uma sociedade em que o cinema impõe tantos padrões de comportamentos e valores, os homossexuais só podiam se sentir terrivelmente humilhados. O filme denuncia a tão elogiada “democracia americana” como aquilo que ela é. Uma ditadura perfeita.
A produção está disponível em DVD, mas pode ser encontrada na internete.
O documentário entrevista atores, atrizes e principalmente roteiristas da indústria cinematográfica. Exibe cenas de filmes famosos, em que ou os gays são ridicularizados ou são tratados como doentes e pervertidos. Além disso, mostra como a própria indústria criou um código de censura entre os anos 30 e 60 do século passado.
Para fugir à tesoura dos censores, alguns diretores e roteiristas procuravam abordar a homo-afetividade de modo sutil. É assim que filmes como Ben-Hur, Johnny Guitar e Spartacus apresentam cenas que insinuam o amor entre pessoas do mesmo sexo, com alguma dignidade. Estes trechos eram avidamente procurados pelo público homossexual. Uma das entrevistadas do filme diz que os gays já estavam tão acostumados a “migalhas” que tais cenas pareciam banquetes.
Somente a partir dos anos 1980 é que o homoerotismo passou a ser tratado de forma mais aberta em filmes americanos. Mesmo assim, as produções sofriam fortes restrições por parte dos donos de estúdios e perseguições pela grande imprensa.
Em uma sociedade em que o cinema impõe tantos padrões de comportamentos e valores, os homossexuais só podiam se sentir terrivelmente humilhados. O filme denuncia a tão elogiada “democracia americana” como aquilo que ela é. Uma ditadura perfeita.
A produção está disponível em DVD, mas pode ser encontrada na internete.
Família cruel
Com os problemas envolvendo o enorme endividamento da Grécia, a grande mídia volta a usar sua didática de araque. “Num país, como numa família, dizem os comentaristas da grande imprensa, não se deve gastar mais do que se recebe”.
Então, vamos fazer como eles dizem. Vamos imaginar que o Brasil seja uma família.
Os pais são podres de ricos, comendo do melhor, viajando, usando roupas caras. Tudo isso sem nem pensar em pegar no batente.
Se eles tivessem 10 filhos, um deles, teria tudo que quisesse, estudaria nos melhores colégios e contaria com todos os confortos que uma infância merece.
Quem pagaria as contas? Sete dos filhos restantes viveriam subnutridos, usando trapos como roupas e trabalhariam umas 16 horas por dia.
Duas das crianças viveriam isoladas num porão escuro, recebendo uma ração diária formada de pedaços de pão duro e água. Só sairiam de sua prisão para fazer serviços pesados. E se alguém reclamasse, teria sua dose de pancadas aumentada.
Apesar de todo esse sacrifício, a família acumularia enormes dívidas. Por isso, os pais e o filho mimado continuariam a dizer para seus entes queridos: trabalhem mais e reclamem menos.
Família assim, nem em peça de Nelson Rodrigues!
Então, vamos fazer como eles dizem. Vamos imaginar que o Brasil seja uma família.
Os pais são podres de ricos, comendo do melhor, viajando, usando roupas caras. Tudo isso sem nem pensar em pegar no batente.
Se eles tivessem 10 filhos, um deles, teria tudo que quisesse, estudaria nos melhores colégios e contaria com todos os confortos que uma infância merece.
Quem pagaria as contas? Sete dos filhos restantes viveriam subnutridos, usando trapos como roupas e trabalhariam umas 16 horas por dia.
Duas das crianças viveriam isoladas num porão escuro, recebendo uma ração diária formada de pedaços de pão duro e água. Só sairiam de sua prisão para fazer serviços pesados. E se alguém reclamasse, teria sua dose de pancadas aumentada.
Apesar de todo esse sacrifício, a família acumularia enormes dívidas. Por isso, os pais e o filho mimado continuariam a dizer para seus entes queridos: trabalhem mais e reclamem menos.
Família assim, nem em peça de Nelson Rodrigues!
Seqüestro sem pedido de resgate
Jayme Sirotsky, do Grupo RBS, do Rio Grande do Sul; Ricardo Gandour, do jornal O Estado de São Paulo; Guillermo Zuloaga, do Globovisión (Venezuela); Emilio Palácio, do El Universo (Equador) e
Hérnan Verdaguer, do Clarín (Argentina). Estes foram os principais convidados do seminário “Liberdade de Expressão”, realizado em 2 de maio e organizado pela Escola da Magistratura do Rio de Janeiro, Associação Nacional dos Jornais (ANJ), Associação Brasileira das Empresas de Rádio e Televisão (Abert) e Associação Nacional dos Editores de Revista (Aner).
Segundo a grande imprensa, o evento marca o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Só não se sabe o que meia dúzia de empresários que detém o monopólio da informação em seus respectivos países têm a ver com liberdade de imprensa.
Talvez, fosse melhor lembrar a existência de um conceito grego chamado “isegoria”. Trata-se do direito que todos os cidadãos tinham de manifestar sua opinião política na Ágora, a praça onde se organizavam as assembléias do povo na antiga Grécia. Pelo que andaram dizendo no tal evento, os cavalheiros ali reunidos seqüestraram a Ágora e não parecem dispostos nem mesmo a pedir resgate para devolvê-la.
Hérnan Verdaguer, do Clarín (Argentina). Estes foram os principais convidados do seminário “Liberdade de Expressão”, realizado em 2 de maio e organizado pela Escola da Magistratura do Rio de Janeiro, Associação Nacional dos Jornais (ANJ), Associação Brasileira das Empresas de Rádio e Televisão (Abert) e Associação Nacional dos Editores de Revista (Aner).
Segundo a grande imprensa, o evento marca o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Só não se sabe o que meia dúzia de empresários que detém o monopólio da informação em seus respectivos países têm a ver com liberdade de imprensa.
Talvez, fosse melhor lembrar a existência de um conceito grego chamado “isegoria”. Trata-se do direito que todos os cidadãos tinham de manifestar sua opinião política na Ágora, a praça onde se organizavam as assembléias do povo na antiga Grécia. Pelo que andaram dizendo no tal evento, os cavalheiros ali reunidos seqüestraram a Ágora e não parecem dispostos nem mesmo a pedir resgate para devolvê-la.
Europa, porcos e sereias
Há alguns anos, jornalistas ingleses e americanos criaram a sigla “PIGS” para se referir a quatro países europeus: Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha (Spain). O acrônimo significa “porcos” em inglês. Foi adotado porque os quatro países apresentariam grandes níveis de endividamento e altas taxas de desemprego.
A denominação carrega também uma grande dose de preconceito contra povos de origem latina. Mais do que isso, contra a forte tradição de resistência operária presente nesses países. É o que estão mostrando os trabalhadores gregos.
Por falar em Grécia, na Odisséia, a feiticeira Circe transformou em porcos os homens de Ulisses. Este conseguiu obrigá-la a desfazer o feitiço. Circe tornou-se aliada do herói grego e deu-lhe um conselho valioso. Colocar cera nos ouvidos de seus homens para resistir ao canto das sereias.
Que os trabalhadores europeus se recusem a dar ouvidos a seus próprios governos e aos neoliberais em geral. Levantem-se contra os capitalistas e sua crise. Que eles limpem suas próprias porcarias.
A denominação carrega também uma grande dose de preconceito contra povos de origem latina. Mais do que isso, contra a forte tradição de resistência operária presente nesses países. É o que estão mostrando os trabalhadores gregos.
Por falar em Grécia, na Odisséia, a feiticeira Circe transformou em porcos os homens de Ulisses. Este conseguiu obrigá-la a desfazer o feitiço. Circe tornou-se aliada do herói grego e deu-lhe um conselho valioso. Colocar cera nos ouvidos de seus homens para resistir ao canto das sereias.
Que os trabalhadores europeus se recusem a dar ouvidos a seus próprios governos e aos neoliberais em geral. Levantem-se contra os capitalistas e sua crise. Que eles limpem suas próprias porcarias.
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