Quem quiser ter uma idéia sobre como funciona uma sociedade autoritária que não aparenta sê-lo, deve assistir ao documentário “O Outro Lado de Hollywood”. Realizado em 1995, o filme foi dirigido e escrito por Rob Epstein e Jeffrey Friedman. Baseado num livro de Vito Russo, a produção fala da ausência de uma abordagem respeitosa da homossexualidade na grande maioria dos filmes de Hollywood.
O documentário entrevista atores, atrizes e principalmente roteiristas da indústria cinematográfica. Exibe cenas de filmes famosos, em que ou os gays são ridicularizados ou são tratados como doentes e pervertidos. Além disso, mostra como a própria indústria criou um código de censura entre os anos 30 e 60 do século passado.
Para fugir à tesoura dos censores, alguns diretores e roteiristas procuravam abordar a homo-afetividade de modo sutil. É assim que filmes como Ben-Hur, Johnny Guitar e Spartacus apresentam cenas que insinuam o amor entre pessoas do mesmo sexo, com alguma dignidade. Estes trechos eram avidamente procurados pelo público homossexual. Uma das entrevistadas do filme diz que os gays já estavam tão acostumados a “migalhas” que tais cenas pareciam banquetes.
Somente a partir dos anos 1980 é que o homoerotismo passou a ser tratado de forma mais aberta em filmes americanos. Mesmo assim, as produções sofriam fortes restrições por parte dos donos de estúdios e perseguições pela grande imprensa.
Em uma sociedade em que o cinema impõe tantos padrões de comportamentos e valores, os homossexuais só podiam se sentir terrivelmente humilhados. O filme denuncia a tão elogiada “democracia americana” como aquilo que ela é. Uma ditadura perfeita.
A produção está disponível em DVD, mas pode ser encontrada na internete.
E podemos perceber isso nos mais simples fatos cotidianos, até mais agressivos, dos que são mostrados nos filmes.
ResponderExcluirÉ verdade.
ResponderExcluirAbraço