Na medida do possível, os bolcheviques tentaram reparar os crimes do czarismo contra as minorias nacionais e suas religiões. Em novembro de 1917, o governo soviético declarou:
“Muçulmanos da Rússia (...), suas crenças e práticas, suas instituições nacionais e culturais serão livres e invioláveis. Saibam que seus direitos, como os de todos os povos da Rússia, estão sob a poderosa proteção da Revolução ”.Foi criado um grande programa daquilo que chamaríamos, hoje, de ações afirmativas. O idioma russo deixou de dominar nas regiões de maioria islâmica. Línguas locais voltaram a ser usadas em escolas, repartições e publicações. Nativos foram promovidos a posições de liderança no Estado e nos partidos comunistas. Passaram a ter preferência nas oportunidades de emprego. Foram criadas universidades para formar novos líderes não-russos.
Livros e objetos sagrados que haviam sido saqueados pelos czares foram devolvidos às mesquitas. A sexta-feira, dia de celebração religiosa muçulmana, foi declarada dia de descanso em toda a Ásia Central.
Por outro lado, algumas penalidades previstas no Corão, como apedrejamento ou mãos decepadas, tiveram sua legalidade restringida. Em dezembro de 1922, tornou-se possível que uma das partes envolvidas em disputas judiciais escolhesse o julgamento por tribunais soviéticos no lugar das cortes muçulmanas. Ao mesmo tempo, era possível que juízes soviéticos condenassem muçulmanos por desrespeitarem leis islâmicas.
Não era só uma questão de justiça e democracia. Era fundamental mostrar aos muçulmanos explorados que a revolução socialista estava a seu lado, contra seus patrões islâmicos. Ganhou seu apoio para a Revolução. Principalmente, durante a covarde agressão das potências estrangeiras ao poder dos sovietes. Pena que suas conquistas tenham sido enterradas pelo nacionalismo conservador stalinista.
Para quem lê inglês, muito mais informações em The Bolsheviks and Islam
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