Jogadores da liga espanhola de futebol ameaçam entrar em greve, neste final de semana. São mais de 200 jogadores com salários atrasados. A quantia devida chegaria a 50 milhões de euros. Muitos desses atletas recebem milhões de euros por ano. Apesar disso, todo apoio a eles.
Muita gente acha “obscenos” os salários pagos a esses artistas da bola. Mas isso não acontece devido à generosidade exagerada de seus empregadores. Calcula-se que somente na Europa, o futebol movimente 10 bilhões de euros anuais. E os grandes responsáveis por isso são os jogadores.
O mesmo acontece em outros setores da indústria da diversão. Altos salários são pagos a pilotos de corrida, cantores, jornalistas e atores. Se ganham muito acima da média mundial, o fato é que sua atuação alavanca valores muito maiores.
Desse ponto de vista, estamos falando de trabalhadores explorados no sentido marxista do termo. Em seu livro “Teorias sobre a mais-valia”, Marx usa como exemplo o trabalho de uma cantora. Ao se apresentar em um cabaré, o talento dela está sendo explorado pelo proprietário do lugar.
Não é o caso de esperar que Cristiano Ronaldo ou Lady Gaga se tornem camaradas revolucionários. Eles e outros “tops” do mundo não têm motivos para isso. Sua situação mostra apenas como o atual sistema econômico é contraditório. E nos obriga a simpatizar com alguns famosos, quando esperneiam.
De resto, é apoiar também a greve dos operários do Maracanã. E lutar por uma sociedade com espaço para todo tipo de talento. Não somente para os que podem gerar enormes lucros.
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