Doses maiores

12 de agosto de 2011

Portugal legalizou drogas e acertou

No Rio e em São Paulo, vítimas do crack vêm sendo tiradas das ruas à força. As autoridades dizem que se trata de medida de saúde pública. Acredita, quem quiser. Não se trata apenas da comprovada inutilidade da internação forçada. As políticas públicas relacionadas às drogas costumam resumir-se a jogar os dependentes em depósitos sujos.

Enquanto isso, Portugal dá exemplo. Desde 2001, o país aboliu oficialmente todas as penas criminais para posse de drogas. É o primeiro país europeu a fazê-lo. Os resultados estão num relatório publicado pela revista Time, em abril:
...entre 2001 e 2006, as taxas de uso durante a vida de qualquer droga ilegal entre os alunos do sétimo ao nono ano caiu de 14,1% para 10,6%. O uso caiu também entre os adolescentes mais velhos. O consumo de heroína entre 16 a 18 anos de idade caiu de 2,5% para 1,8%. Infecções pelo HIV em usuários de drogas diminuíram 17% e as mortes relacionadas com a heroína e drogas similares caíram pela metade. Além disso, o número de pessoas em tratamento para dependência de drogas subiu de 6.040 para 14.877. Após a descriminalização, o dinheiro economizado com as punições aos usuários permitiu aumentar o financiamento para tratamentos.
Estes números mostram algo totalmente oposto ao que resultou da Guerra às Drogas promovida pelo governo americano. Abordagem adotada por vários países, incluindo o Brasil. Entre suas conseqüências, está a entrega de regiões inteiras do México ao controle violento dos traficantes. Ao mesmo tempo, aumentam a produção e o consumo ilegais de drogas.

Natural. A especialidade do governo americano é iniciar guerras para que sua indústria lucre com os trágicos resultados. Neste caso, o grande negócio são as próprias drogas. Cerca de 300 bilhões de dólares anuais são movimentados pelo comércio ilegal. Dinheiro injetado nas veias do sistema financeiro depois de devidamente lavado.

Fonte: http://www.time.com/time/health/article/0,8599,1893946,00.html

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2 comentários:

  1. Dá menos trabalho acusar indistintamente usuários e traficante, além de preferir construir penitenciárias do que hospitais. Dessa vez, nós somos a piada.

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