Doses maiores

31 de janeiro de 2013

As mulheres como coisas à disposição da violência

O site R7 publicou matéria assustadora, em 17/01. Trata-se de “Conheça os cinco países mais perigosos para mulheres no mundo”. Há muitos casos de mulheres e meninas com os genitais mutilados, queimadas com ácido, estupradas, assassinadas, impedidas de estudar, casadas à força, perseguidas e humilhadas de várias formas.

Segundo a matéria, os cinco piores lugares para “ser mulher” são Afeganistão, República Democrática do Congo, Paquistão, Índia e Somália. A relação combina com a ideia que o senso comum tem sobre esses países. Eles seriam habitados por povos primitivos, supersticiosos, ignorantes e truculentos. Muito diferente das culturas ditas “civilizadas”.

Não é bem assim. É o que mostra matéria publicada pelo Estadão em 14/12/2012, cujo título é autoexplicativo: “Uma em 4 mulheres é vítima de violência nos EUA”. Dados do Instituto Europeu pela Igualdade de Gênero não são muito diferentes. Em 2012, entre 20% a 30% das mulheres europeias sofreram ou estiveram sujeitas a algum tipo de agressão física.

Ou seja, desenvolvimento econômico elevado não elimina a estupidez do patriarcalismo ancestral. Ao contrário, o machismo é muito conveniente às sociedades do livre mercado. Não só em relação ao pagamento de salários, sempre mais baixos para elas.

A dupla ou tripla jornada do trabalho feminino diminui a pressão sobre patrões e governos por creches e outros direitos sociais. A utilização das mulheres como objeto sexual movimenta bilhões em lucros. Todo o ódio acumulado por uma sociedade injusta se abate sobre elas.

A lógica capitalista tenta constantemente transformar pessoas em coisas. À maioria das mulheres reserva destino pior. Quer tranformá-las em coisas à disposição de suas muitas violências.

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