Continuamos
a comentar o artigo “O mito da Aristocracia Operária”, em que Charles Post
recusa a tese de que o reformismo é produto da influência de uma pequena
parcela, qualificada e bem paga, dos trabalhadores.
Trata-se,
na verdade, diz o autor, de um fenômeno político que ganha as mentes do
conjunto da classe trabalhadora. E isso acontece, afirma ele, porque “em tempos
normais”, ou seja, sem crises, a grande maioria dos explorados aceita as regras
da competição capitalista.
Marx já
havia dito que um dos maiores obstáculos para a libertação do proletariado é a
competição e hostilidade reinante em seu próprio interior. Desde o racismo e o
preconceito contra imigrantes até a ação dos “fura-greves”, essas fissuras se
multiplicam constantemente.
Elas
surgem a partir do nível mais estrutural do funcionamento capitalista. Mas são
reforçadas e reproduzidas incessantemente pelos aparelhos hegemônicos da
burguesia, como escolas, igrejas, grande mídia, mas também em sindicatos,
associações e partidos.
Por
isso, os marxistas sempre defenderam a necessidade da organização política dos
trabalhadores. Para que condições econômicas e contingências sociais deixem de dividir os explorados. Para que sua unidade aconteça no nível
ideológico, desmascarando as ideias dominantes e afirmando o socialismo como
única saída.
O
grande problema é que o terreno político também está cheio de armadilhas.
Principalmente, quando se trata de intervir no campo institucional. É nele que
ficamos mais perto do inimigo e a intervenção militante pode ser corrompida,
não apenas por dinheiro, mas também pela acomodação aos favores do poder.
Para
tentar evitar esses riscos, Post apresenta algumas propostas. É o que veremos nas
próximas pílulas.
Leia também:
Aristocracia
operária e luta burocratizada
Nenhum comentário:
Postar um comentário