Em “O
mito da Aristocracia Operária”, Charles Post cita a definição do militante
socialista estadunidense Kim Moody sobre o senso comum da classe trabalhadora.
Para ele, não se trata de "uma ideologia capitalista consistente",
mas:
Uma coleção contraditória de ideias antigas herdadas,
outras aprendidas através da experiência diária, e ainda outros geradas pela
mídia capitalista, pelo sistema de educação, pela religião, etc. Não é
simplesmente uma visão que só vê uma nação tranquilizada pela TV e por fins de
semana em shoppings. "O senso comum" é tão profundo e contraditório
porque também incorpora experiências que vão na contramão da ideologia
capitalista.
Antônio
Gramsci também identificava no senso comum “uma concepção fragmentária,
incoerente, inconsequente...”. E, tal como Moody, considerava possível surgir de
toda essa confusão elementos capazes de desmascarar a dominação capitalista.
Por
outro lado, essas contradições também são utilizadas para justificar o
reformismo. Afinal, diante dos terríveis impactos sociais do capitalismo, o
senso comum se apega à ideia que a sociedade humana sempre foi e sempre será
assim. Somente seria possível reformá-la, portanto.
O problema
é que não se dá combate a esse conformismo fazendo uso apenas de clareza teórica
e habilidades retóricas. As contradições acontecem na vida concreta dos
explorados e oprimidos. E é neste nível que elas podem dar origem ao que Gramsci
chamou de “bom senso” popular. Uma outra organização de ideias, valores, experiências
capazes de preparar a reação revolucionária.
Foi assim
que se construíram a maiores revoluções populares. É preciso aprender com estas
experiências para construir novas. Sempre coletivamente e a partir de baixo.
Na próxima
pílula, o fechamento provisório desta discussão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário