O trecho
abaixo é de uma carta de novembro de 1844:
No conflito, poupe o sangue brasileiro o quanto puder,
particularmente da gente branca da Província ou índios, pois bem sabe que essa
pobre gente ainda nos pode ser útil no futuro. A relação [anexa] é das pessoas
a quem deve [facilitar a fuga], se por casualidade caírem prisioneiros. Não
receie a infantaria inimiga, pois ela há de receber ordem de um ministro de seu
general em chefe para entregar a [munição] (...). Se Canabarro ou Lucas forem
prisioneiros, deve deixá-los fugir de maneira que ninguém possa nem levemente
desconfiar (…)
Assinada
pelo, então, Barão e futuro Duque de Caxias, ela trata da “Traição de Porongos”,
massacre ocorrido em 14 de novembro daquele ano durante a Guerra Farroupilha, entre
latifundiários gaúchos e governo central.
O conflito
se arrastava por quase dez anos, sem sinal de vitória para qualquer lado. Até que
o maior medo passou a ser o batalhão dos “lanceiros negros”, formado por escravos
que lutavam ao lado dos farrapos em troca de alforria após a guerra. Os generais
dos dois lados temiam ver centenas de negros livres e armados.
Foi então
que surgiu o acordo em que o comandante gaúcho se comprometeu a desarmar os soldados
negros para que fossem massacrados pelas tropas de Caxias. A mortandade
serviria como sinal para que uma trégua fosse acertada.
Há muitos
outros detalhes sobre esse vergonhoso episódio. Mas bastam os que estão acima para
revelar como nossa história está marcada pelo racismo mais repugnante e covarde.
Tudo indica que muitos outros episódios parecidos ainda estão por se revelar.
Leia também: Por uma nova simbologia patriótica
Realmente, a gente não conhece a nossa história. Fatos como este deveriam ser obrigatórios em todas cadeiras de história do Brasil do ensino básico. Talvez educando assim, sabendo o que ocorreu de racismo no nosso país, poderíamos realmente ser educados.
ResponderExcluirPois, é. E ainda tem quem diga que a Academia e as escolas estão sob controle dos "esquerdopatas racialistas"...
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