A cidade de Olympia fica no litoral de um país dos
trópicos. Parte dela beira uma grande baía e sua orla recortada, pontilhada de
morros, a tornam tão maravilhosa que atrai gente do mundo todo.
Tão famosa como a cidade é a estátua que a simboliza. Do alto
de sua montanha mais alta, ela pode ser vista por muitos de seus moradores e
visitantes.
A cidade foi sede dos mais recentes jogos olímpicos. E as
negociatas que cercaram a realização do evento formam a trama de “Olympia
2016”, uma mistura de documentário e ficção dirigida por Rodrigo Mac Niven.
O roteiro concentra-se na construção de um campo de golfe
que envolve a destruição ilegal de áreas de preservação ambiental, propinas
milionárias e muita especulação imobiliária. Mas estes elementos estão presentes
também nos outros projetos relacionados às Olimpíadas.
O resultado imediato foram dezenas de milhares de
famílias despejadas de suas casas. Mas, em breve, haverá mais remoções de
pobres. Mais gente deslocada pelo poder econômico, que patrocina empreendimentos
de grande luxo para pequenas elites.
A famosa estátua de Olympia é uma figura alada, sem
cabeça. Seu nome é Demokrácia. Na recente ditadura que governou o país em que
fica Olympia, a estátua tinha cabeça, mas não asas. Ela podia até enxergar. Voar,
jamais.
Recentemente, o monumento recebeu de volta suas asas, mas
a cabeça foi sequestrada. Certamente, entregue pelos donos do poder aos gerentes
da mídia empresarial, que a enterraram tão fundo quanto as denúncias que o
filme consegue trazer à superfície. Infelizmente, para muito poucos.
Demokrácia é alada, mas voos cegos só podem acabar em
desastre.
Obs: Está é a pílula no 1.500. Agora, um descanso de uns
dias até a 1.501!
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