Nas últimas
semanas, pelo menos 12 estudantes universitários em cinco cidades chinesas
foram detidos pelo governo. Seu crime? Promover manifestações em favor de
direitos dos trabalhadores, como liberdade de organização sindical e melhores
condições de trabalho.
O curioso é
que os acusados se reivindicam marxistas e foram inspirados pelas obras de Marx
que estudam em sala de aula. O ensino do marxismo é obrigatório nas
universidades chinesas. Uma espécie de “universidade com partido” oficializada.
Além disso,
nas comemorações pelo 200º aniversário de Marx, o presidente Xi Jinping afirmou
que o revolucionário alemão estava “totalmente correto”.
Tudo muito
contraditório, sem dúvida. Mas nada que deveria surpreender em um país cujo
regime político continua se afirmando comunista, ao mesmo tempo em que sua
economia tornou-se fundamental para o equilíbrio do capitalismo mundial.
Além disso, há
certa coerência no que disse Jinping. Muito do que aconteceu no capitalismo
global nas últimas décadas dificilmente pode ser explicado sem auxílio da
teoria econômica marxista. Não à toa, as obras de Marx voltaram às livrarias no
mundo todo.
O problema é
que Marx nunca foi apenas um teórico. Se não existe prática revolucionária sem
teoria revolucionária, o oposto também é verdadeiro. E os estudantes entenderam
isso muito bem. Para azar deles, mas também do governo chinês.
Tudo isso,
porém, pode ser apenas uma advertência. No país que tem a maior classe operária
de todos os tempos, é razoável a chance de que seus membros construam seu
próprio marxismo. Na periferia das universidades, mas no centro da luta de
classes.
Seria um
desastre para o regime chinês. Uma esperança para a humanidade.
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