Pawel Kuczynski |
Uma eleição
presidencial sem debate sobre programas de governo. Um vencedor cuja campanha
baseou-se em um circuito de mentiras e distorções grosseiras que alcançava grandes
parcelas da população, mas passou despercebido por muitas de suas principais
vítimas. Em especial, forças de esquerda, movimentos sociais e meios
acadêmicos.
A utilização
eleitoral das redes virtuais em escala gigantesca para disseminar material
fraudulento em doses curtas, grossas e que ocupam cada momento do dia.
Declarações desencontradas, contraditórias, ditas e desditas de hora em hora.
Durante a campanha, depois dela e no futuro sombrio que nos aguarda.
Uma estratégia
eleitoral inspirada na tática vitoriosa de Donald Trump, que atraiu boa parte
de seus votos por meio da desinformação mais grosseira. Algo que só poderia ter
ocorrido pela primeira vez e com tais proporções no centro do imperialismo
mundial, onde o domínio do valor de troca sobre o valor de uso é o mais
extremado. Onde a circulação da informação definitivamente se rendeu à lógica
da mercadoria e passou a valer por seu alcance e não por critérios como
objetividade e precisão. Pelas curtidas que atrai e não pelos fatos que relata.
Tudo isso faz
parte do que vem sendo chamado de era da pós-verdade. Mas, concretamente, não
passa daquilo que os poderosos de todos os tempos sempre utilizaram amplamente
para dominar e subjugar: mentiras, calúnias, misticismo e preconceito. A grande
diferença é que tudo isso vem impregnando o tecido social de maneira inédita, normalizado
por uma economia política em que a circulação especulativa de capital contagia
as relações humanas de maneira avassaladora e muito perigosa.
Muito
perigosa...
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