Em coluna publicada
em 12/02/2017 na revista Época, Helio Gurovitz escreveu que o mundo da “pós-verdade” e “da
anestesia intelectual” das redes sociais lembra menos "1984", de George
Orwell, do que “Admirável mundo novo”, de Aldous Huxley.
A ideia vem do
livro “Nos divertindo até morrer”, escrito em 1985 pelo teórico da comunicação estadunidense
Neil Postman:
Na visão de
Huxley, não é necessário nenhum Grande Irmão para despojar a população de
autonomia, maturidade ou história”, escreveu Postman. “Ela acabaria amando sua
opressão, adorando as tecnologias que destroem sua capacidade de pensar. Orwell
temia aqueles que proibiriam os livros. Huxley temia que não haveria motivo
para proibir um livro, pois não haveria ninguém que quisesse lê-los. Orwell
temia aqueles que nos privariam de informação. Huxley, aqueles que nos dariam
tanta que seríamos reduzidos à passividade e ao egoísmo. Orwell temia que a
verdade fosse escondida de nós. Huxley, que fosse afogada num mar de
irrelevância”.
(...)
"Orwell temia
que nossa ruína seria causada pelo que odiamos. Huxley, pelo que amamos”,
escreve Postman. Só precisa haver censura, diz ele, se os tiranos acreditam que
o público sabe a diferença entre discurso sério e entretenimento.
(...)
O alvo de
Postman, em seu tempo, era a televisão, que ele julgava ter imposto uma cultura
fragmentada e superficial, incapaz de manter com a verdade a relação reflexiva
e racional da palavra impressa. (...) Mas suas palavras foram prescientes: “O
que afligia a população em Admirável mundo novo não é que estivessem rindo em vez de pensar, mas que não sabiam do que
estavam rindo, nem que tinham parado de pensar”.
A perigosa era do domínio pelas mentiras
Podemos adicionar o filme Fahrenheit 451, onde a função dos bombeiros é queimar livros e os filhos e parentes e amigos são induzidos dedurar quem estiver cometendo o crime de ler algum livro. Abs, meu caro amigo.
ResponderExcluirMas, aí, tá mais pra distopia do Orwel. No caso do Huxley, não se queimam livros. O lance é encher as prateleiras (virtuais, no caso) de publicações inúteis, superficiais, fraudulentas, alienantes etc.
ExcluirAbraço, Amaral!
Interessante duas visões de futuro desesperançoso se confrontando.
ResponderExcluirE uma delas se confirmando. Ainda que não dê pra descartar a outra ou uma combinação das duas.
ExcluirTamos bem de futuro!