O Brasil é líder mundial na implementação da tarifa zero, com 117 cidades e mais de 5 milhões de pessoas contempladas. Essas informações estão no artigo publicado na Folha por Giancarlo Moreira Gama, militante negro e LGBTQ+, vereador da cidade paulista de Cabreúva.
O auge da luta pelo passe livre foi em 2013. E vimos o que aconteceu. O movimento foi tratado como terrorismo pelas forças repressivas, contando com a ajuda até de governos petistas.
Então, o que mudou? Recente matéria da BBC lembra que a gratuidade implica o subsídio total da tarifa pelo poder público. Subsídio para quem? Para os empresários do setor.
O fato é que o alto custo das passagens esvaziou os ônibus. A precarização do trabalho uberizado tirou parte da classe média dos pontos. Para manter seus lucros, os empresários diminuíram a frota. Principalmente, nas periferias, onde mora grande parte dos eleitores. A jogada passou a ser gratuidade bancada pelo dinheiro público, gerando efeitos eleitoreiros e benefícios privados.
Luta de classes é isso aí. Sempre que podem, nossos inimigos se apropriam das bandeiras populares em proveito próprio. Por outro lado, até agora, nenhuma capital adotou a medida integralmente. Aí, os interesses e os ganhos ainda são graúdos demais para serem contemplados.
Há muita luta pela frente, portanto. Uma delas é a criação de um Sistema Único de Mobilidade, que está em tramitação no Congresso por iniciativa de Luiza Erundina. É importante que os movimento populares pressionem não apenas por sua aprovação, mas pela garantia do caráter público e de participação popular na gestão do novo sistema. Inclusive, com sua estatização integral.
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