A
matéria refere-se a uma descoberta arqueológica feita no norte do Vietnã. É um garoto
que teria nascido com uma doença na coluna vertebral. Coisa grave em uma
sociedade com forte dependência do trabalho braçal para sobreviver. Mesmo
assim, ele recebeu os cuidados necessários para viver mais de 10 anos.
Nada
disso combina com a imagem que temos de uma sociedade pré-histórica. Naquelas duras
condições de sobrevivência, difícil esperar solidariedade e generosidade. A
descoberta mostra que nossa espécie não se rendeu à lei dos mais fortes. Ao contrário,
vem se afirmando contra ela. Para desespero dos fascistas.
Nada
disso quer dizer que a raça humana seja boa por natureza. Tais definições
dependem das lógicas sociais que regem cada cultura ou momento histórico. O
que, talvez, distinga nossa época seja a enorme contradição entre o dito e o
feito.
Jesus
da Palestina e o garoto do Vietnã simbolizam as melhores possibilidades da
humanidade. Ironicamente, ambos nasceram em territórios que acabaram testemunhando
atos terríveis. Crimes cometidos exatamente por quem fala em nome da paz e da
harmonia entre os povos. Os mesmos que agem em defesa de interesses poderosos.
A
noite natalina lembra a compaixão do menino Jesus. Mas não esqueçamos o que disse
Jesus quando adulto: “Eu não vim trazer a paz, mas a espada”.
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