É
a capa do caderno “Rio Show” do Globo, publicado em 07/12. A matéria refere-se
à inauguração da Arena Fernando Torres, no Parque Madureira. O novo espaço
receberá eventos culturais que vão das velhas guardas do samba, coletivos de funk e hip-hop até
orquestras sinfônicas e peças teatrais.
“É
a democratização da cultura”, dizem governos e grande mídia. Por isso mesmo, convém
desconfiar. Iniciativas como estas poderiam ser uma forma de dizer aos
moradores do subúrbio: “Fiquem por aí. Não venham estragar os espaços bonitos e
charmosos da Zona Sul”. Mas, talvez, seja pior que isso.
Oswald
de Andrade escreveu: "A massa ainda comerá do biscoito fino que eu
fabrico". O poeta e escritor quis dizer que o
povo também sabe apreciar obras de arte. Mas a frase também pode ser lida de
forma elitista. É preciso levar biscoitos finos à “massa” ou continuará
consumindo o pão com mortadela que ela mesma faz.
Ora,
O Globo, Eduardo Paes e Sérgio Cabral não são Oswald de Andrade. Além disso,
quem faz seu próprio pão desenvolve perigosos laços solidários. Então, são
enormes as chances de que políticas culturais desse tipo queiram dizer o
seguinte: “Eventos culturais, só com nosso selo de qualidade e na hora e lugar que
escolhermos”.
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