Um
estudo desse tipo está sujeito muitas distorções. Principalmente, em uma pesquisa
quantitativa. Mesmo assim, os dados dão algumas pistas importantes.
Segundo
as conclusões inciais da pesquisa, “62% dos brasileiros aderem a posições mais
igualitárias e progressistas, e 32%, a posições sociais mais conservadoras”. Mas
o conservadorismo é muito maior em certas questões.
O
direito ao aborto, por exemplo, é aceito por apenas 40% dos entrevistados. Somente
23% admitem relações homoafetivas, como namoro ou casamento, no círculo
familiar. Em relação ao estupro, mais de 30% concordam em responsabilizar
parcialmente a mulher caso ela use “roupas provocantes”.
Mas
há uma importante evidência externa aos dados. No texto de apresentação da
pesquisa, Dilma Roussef diz querer “falar a essa nova classe média e também à
tradicional, e faremos isso falando de valores caros à sociedade”. Ou seja, o
governo escolheu a “classe média” como alvo de suas políticas.
As
“classes médias” não são necessariamente conservadoras. Mas tendem fortemente a
sê-lo. Por outro lado, seria muito mais adequado considerar a chamada “classe
média” como um setor dos trabalhadores. E como tal ser tratada.
Ao
priorizar as camadas sociais intermediárias, o governo concentra suas ações nos
elementos menos dinâmicos da sociedade. Despreza o potencial transformador dos
explorados. Deixa em paz aqueles que concentram o patrimônio e são responsáveis
pela enorme desigualdade social.
Aí, a pesquisa acaba explicando mais o governo do que seus governados.
Aí, a pesquisa acaba explicando mais o governo do que seus governados.
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