Somos os únicos animais que
fazem cálculos. Um clássico da literatura brasileira trata dessa habilidade de
modo mágico. É o livro “O Homem que Calculava”, de Malba Tahan, pseudônimo de Júlio
César de Mello e Souza.
São histórias narradas na Bagdá
muçulmana do século 13. O personagem principal é Beremiz Samir, que ao longo da
narrativa soluciona e explica problemas, resolve quebra-cabeças e conta curiosidades
da matemática.
O livro pretende diminuir o pânico
de crianças e adolescentes em relação à matemática das salas de aula. Infelizmente,
nem sempre consegue. A matéria continua a ser ensinada de modo abstrato e sem
sentido. Parece uma religião para poucos, com garantia de castigo infernal para
muitos.
Muito provavelmente, a
matemática tem esse ar ameaçador devido à divisão social do trabalho que impera
em nossa sociedade. Uma repartição de ocupações em que a grande maioria executa
tarefas sem ter a mínima ideia sobre os fins a que elas servem. Tal como a
álgebra, cuja misteriosa mistura entre números e letras toma o lugar da transparente
aritmética.
Além disso, sob a ditadura da
circulação da mercadorias que nos governa, a quantidade é tudo. A qualidade pouco
importa. Daí, a crescente precificação de tragédias sociais e problemas de
saúde, por exemplo. Não importa quem são as vítimas, mas que prejuízos econômicos
suas dores causaram.
Calcular é uma habilidade
maravilhosa. Mas jamais deve se impor às inúmeras outras características de nossa
espécie. Ao contrário, é a combinação delas todas que nos torna especiais.
Como diz o livro de Tahan: “É
preciso desconfiar sete vezes do cálculo, e cem vezes do calculista.”
Acho que nem os próprios professores entendem o que estão ensinando. Por exemplo, as ''tias'' sempre me falaram que se eu tivesse uma igualdade, bastaria eu passar um valor de um lado para o outro de modo a resolver a equação. Só recentemente fui descobrir que a lógica por trás disso, acho que veio dos franceses, é a ''regra da balança'': se eu faço as mesmas alterações em ambos os lados da equação(a balança), a igualdade permanece. É @#%^&* aprender isso só com 18 anos.
ResponderExcluirEnfim, você recomendeu o livro do Malba; aproveito para recomendar esses, se alguém estiver tentando entender a ''rainha das ciências'':
O que é Matemática - Richard Courant
Fundamentos de Matemática elementar - Gelson Iezzi
A Matemática do dia a dia - Steven Strogatz
Valeram as dicas e o comentário, Rodolfo.
ExcluirAbraço