A dupla jornada de trabalho é um fator fundamental para a
exploração e opressão sofridas por quase todas as mulheres. Como saída para
essa situação, é costume defender uma divisão mais justa dos afazeres
domésticos entre homens e mulheres.
Mas o problema somente será
resolvido fora da família. Ou melhor, com o fim dela, tal como a conhecemos hoje. A questão é brilhantemente
abordada num livro recentemente lançado pela Boitempo. É “As Mulheres, o Estado e a
Revolução”, da
historiadora norte-americana Wendy Z. Goldman.
Segundo sua autora, os
bolcheviques defendiam a construção de uma sociedade em que o trabalho
doméstico seria transferido para a esfera pública. As tarefas executadas por
milhões de mulheres em suas casas seriam feitos por trabalhadores em creches e restaurantes
e lavanderias coletivos.
Lênin considerava o trabalho
doméstico o mais improdutivo, selvagem e árduo que uma mulher pode fazer. Para
ele, a emancipação feminina deveria incluir não só a igualdade jurídica, mas a
transformação de todo o trabalho doméstico em trabalho socializado. Com isso o
papel social da família seria esvaziado. Ela “definharia”.
Foi o que o governo dos
sovietes começou a fazer em 1918. Mas logo depois, a Revolução foi derrotada pelo
terrível cerco das potências europeias. Para reerguer o país destruído foram restaurados
os princípios da economia de mercado. Sob a gerência ditatorial de Stálin,
várias conquistas foram revogadas. Em meados dos anos 1930, a família voltaria a
ser fator importante da reprodução econômica. E de exploração e opressão das
mulheres.
O livro de Wendy detalha todo
este processo. Voltaremos a falar dele.
Leia também: 1917: operárias russas atropelam
bolcheviques
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