Doses maiores

24 de junho de 2014

Uma vaia pra Dilma, outra pra Gilberto Carvalho

Em 19/06, o Secretário-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, foi parar nas manchetes dos jornais. Em uma reunião com blogueiros, comentou o episódio das ofensas pesadas feitas a Dilma Roussef na abertura da Copa.

Carvalho afirmou que “no Itaquerão não tinha só elite branca”. Para ele, o descontentamento da elite, da classe média, está contagiando o povo. Algo a que o PT e o governo não teriam dado o necessário combate.

Nos bastidores do governo, a afirmação pegou muito mal. Mas em entrevista à Folha, publicada em 23/06, o Secretário se explicou melhor. Disse que a ideia era combater a ilusão “de que o povo pensa que está tudo bem”. Situação mais do que evidenciada pelas jornadas de junho de 2013.

Se o clima de Copa está abafando esse mal-estar e as manifestações estão menos volumosas, nada indica que os motivos que levaram milhões às ruas há um ano tenham desaparecido. É o que mostram, por exemplo, os números das pesquisas eleitorais em relação à candidatura petista.

Portanto, Carvalho só está fazendo uso da lucidez que a grande maioria de seus companheiros abandonou. Assustados com os questionamentos da população, atribuem seus problemas apenas a conspirações da poderosa elite e sua mídia e da minúscula e inofensiva oposição de esquerda.

Mas não nos enganemos. Na entrevista, Carvalho esclarece:

Mesmo aqueles que xingaram a Dilma, de maneira inadequada, eu os quero conosco. Quero fazer pontes, não jogá-los do outro lado, na mão de quem quer tê-los.

Aí está. Um dos petistas mais lúcidos pretende apenas renovar o compromisso com as elites. Úúúúúúú, Carvalho. Úúúúúúú, PT. 

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