Segundo os autores, o neoliberalismo é uma “racionalidade global”, não somente um modelo econômico ou uma ideologia. Nessa condição, diz a apresentação da editora, ele:
...vem
transformando profundamente as sociedades de forma subterrânea e difusa,
estendendo seu sistema normativo a todas as relações sociais, sem deixar
incólume nenhuma esfera da existência humana.
“A figura central dessa nova racionalidade, continua o texto, é o ‘sujeito empresarial’. Cada indivíduo é uma empresa que deve se gerir e um capital que deve se fazer frutificar”. Difícil discordar.
Seguidores do filósofo Michel Foucault, Dardot e Laval consideram a abordagem marxista limitada, apesar de a respeitarem. Mas limitada, mesmo, é a leitura que os autores fazem da crítica marxista ao capitalismo na introdução para a edição inglesa da obra.
De qualquer maneira, é uma importante contribuição para quem se recusa a ceder terreno no combate ao neoliberalismo e a restringir sua ação ao campo minado da institucionalidade.
Principalmente, quando os autores argumentam que, diante da lógica neoliberal, a escolha eleitoral entre forças de esquerda ou de direita faz pouca diferença. Em geral, mesmo sob governos supostamente socialistas, essa “racionalidade” não apenas se mantém como é reforçada.
Basta olhar para as experiências da grande maioria dos governos de esquerda no mundo para dar razão aos filósofos. Incluindo os governos petistas, que, muito antes de passarem pela agonia atual, já reagiam às pressões dos neoliberais com promessas de mais neoliberalismo.
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