“Um espectro ronda a Europa”, dizia o
Manifesto Comunista, em 1848.
Era o comunismo, que assustava
patrões e governantes. Mas como bons materialistas, Marx e Engels apresentaram
uma origem muito concreta para esse fantasma. Era o capitalismo industrial,
recém-chegado à maturidade.
Marx e Engels não gostavam de fazer
previsões. Eles militavam junto aos revolucionários de seu tempo. Estudavam o
mundo que conheciam e sobre ele escreviam. Testemunhavam uma sociedade cada vez
mais dividida entre a minoria que controla os meios de produção e uma grande
maioria privada deles.
Esta contradição diferenciava a
sociedade capitalista de todas as outras e poderia levar os despossuídos a tomar
os meios de produção da minoria para dividi-los entre si. Seria o comunismo.
Mas para que isso acontecesse, o
capitalismo precisaria se espalhar para muito além da Europa. Deveria invadir todas
as esferas da vida humana, ocupando não apenas as fábricas, o comércio, os serviços,
a cultura, mas as relações pessoais.
Os “proletários do mundo todo” só poderiam
se unir se estivessem realmente submetidos às relações capitalistas em todo o mundo.
Algo que só começou a acontecer após a 2ª Guerra.
Hoje, são bilhões de escravizados, direta
ou indiretamente, pela lógica capitalista. Ou seja, finalmente, o mundo se
tornou europeu. Mas o fantasma que nos ronda é o do fascismo.
Por enquanto.
Há muita gente na luta
anticapitalista no planeta todo. Jamais desapareceram as condições que fizeram
surgir o espectro de 1848. Torná-lo novamente assustador é nosso primeiro desafio.
Depois, é preciso arrancá-lo das trevas e trazê-lo para a luz do dia, sob a
qual podem ser destruídas as piores assombrações.
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