Não teve jeito, tivemos que voltar à zoopolítica. Impossível ignorar aquele enorme pato inflado
que aparece nas manifestações da direita em favor do impeachment. Ele foi
criado pela Fiesp em sua campanha “Não vamos pagar o pato”, referindo-se a
propostas de aumento ou criação de impostos.
No documento que lançou a campanha, a federação dos patrões paulistas denuncia
a “alta carga tributária” brasileira. Dá exemplos do peso dos impostos no
preço de itens como “arroz e feijão (17,24%), frango (26,80%) e água mineral
(37,44%)”. E dos R$ 3,50 da tarifa de ônibus, R$ 1,18 correspondiam a impostos.
Interessante o documento utilizar exatamente casos que afetam muito
mais os pobres e trabalhadores em geral que os sócios da Fiesp.
Por exemplo, matéria publicada no portal InfoMoney em agosto de 2014, mostrava que os quase
80% da população brasileira que recebiam até três salários mínimos arcavam com
53% da arrecadação tributária total. Enquanto isso, quem recebia acima de 20 salários mínimos contribuía com apenas 7,3%.
Já a tributação sobre a propriedade respondia por 6% da arrecadação brasileira.
Metade do arrecadado em países como Estados Unidos, Inglaterra, França e
Argentina. Passagem de ônibus tem muito imposto embutido? Pois saiba que jatinho,
helicóptero e iate não pagam IPVA.
Isso para não falar do R$ 1,460 trilhão sonegado pelos empresários junto ao
fisco federal até outubro de 2015. O valor equivale a todo orçamento público de 2016. Bastaria
o recebimento de 5% desse calote para cobrir o déficit fiscal do governo.
É inegável. A Fiesp soube escolher muito bem o símbolo de sua campanha para nos representar.
Leia também: Para
encerrar o ciclo zoopolítico, a anta
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