“Andamento das reformas preocupa mais investidores que
destino de Temer”. O título dessa matéria do Globo, publicada em 06/06, deveria
ser suficiente para mostrar a que níveis rasos a moralidade neoliberal pode
chegar.
Mas o próprio texto deixa tudo muito mais claro. Os tais
investidores participaram de uma teleconferência com o ministro da Fazenda, Henrique
Meirelles, no dia anterior. Segundo o relato:
Durante a conversa, investidores
brasileiros e estrangeiros perguntaram sobre o desempenho da economia e a
agenda de reformas, mas em nenhum momento questionaram Meirelles sobre o
impacto da saída de Temer.
“Não importa o que aconteça, a política econômica não
muda”, teria sido a mensagem que ficou da reunião. E a grande esperança, a
aprovação da Reforma da Previdência.
Claro que ninguém perguntou que papel desempenhou
Meirelles quando era membro do Conselho Administrativo da JBS, empresa que está
no centro do atual escândalo de corrupção envolvendo o presidente golpista,
Michel Temer.
É que nada disso consta do código ético da lógica econômica
neoliberal. Para esta, não importa que corruptos estejam no comando do País, incluindo,
muito provavelmente, o ministro da Fazenda. Do mesmo modo, conta pouco
que a rejeição popular a Temer ultrapasse os 80%.
O fato é que os estratosféricos valores da corrupção financeira
são responsáveis pelos níveis rasteiros de atendimento nos serviços públicos, principalmente
em saúde e educação. Mesmo assim, estão fora do alcance das operações da PF e do
voto popular. E muito abaixo de todas as escalas do que deveria permitir a vergonha
humana.
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