Em 06/01/2019, Paulo
Arantes, professor de Filosofia da USP, deu um depoimento, publicado no portal Sul21, afirmando que:
...a ideia de que um que país
periférico como o Brasil pudesse se tornar uma democracia com desenvolvimento
social “foi rifada em 64”. Essa inviabilidade vai se tornar ainda mais evidente
com a eleição de Collor, em um momento em que o capitalismo vivia um processo
de reestruturação produtiva em nível internacional.
Neste momento de “catástrofe
nacional”, no entanto, assinala Arantes, emerge um partido de massas, renovando
as energias utópicas na sociedade brasileira. Para ele, porém, essa novidade,
que foi a criação do Partido dos Trabalhadores, ignorou o diagnóstico da
inviabilidade de construção de um projeto nacional, estabelecido em 64.
“Havíamos batido no teto e a lógica era outra. A partir do período da
redemocratização, a violência passou a ser o nexo social central”, sustenta.
O difícil é encontrar algum
momento da história nacional em que a violência tenha deixado de funcionar como
nexo social.
No entanto, três
situações dão a esse quadro cores ainda mais sombrias. Uma delas é o assassinato
de Marielle. Outra, a desistência do deputado federal Jean Wyllys, do PSOL, de reassumir
seu mandato devido a ameaças de morte. Por fim, a condenação de quatro
militantes do MST, em outubro passado, com base na lei antiterrorismo. Esta
última, como se sabe, proposta e sancionada pelo governo Dilma.
Segundo Arantes, com o
PT, as esperanças em uma governabilidade minimamente civilizada ruíram. “Não se
governa mais”, conclui.
Mas, de fato e definitivamente,
a barbárie governa. E disputar o governo da barbárie é participar dela.
Leia também: Sobre a ascensão do fascismo na Itália de Mussolini
Nenhum comentário:
Postar um comentário