Na China atual, mercado e Estado se complementam, diz Au Loong Yu, em seu livro “China: Um capitalismo burocrático”. Mas a verdade, afirma ele, é que, sob o atual regime, ambos são apenas instrumentos de exploração das massas trabalhadoras.
Por outro lado, a China apresenta uma característica importante. Na maioria dos países capitalistas, as esferas política e econômica são separadas uma da outra. Como resultado, as lutas econômicas dos trabalhadores tendem a permanecer setoriais e, geralmente, não políticas. Existe, portanto, a possibilidade de desenvolver um movimento sindical alienado da política. Na China, as duas esferas estão fundidas a tal ponto que a mão invisível do mercado é sempre apoiada pela bota visível do Estado, razão pela qual nem o simples sindicalismo independente e apolítico é tolerado.
É improvável que um movimento sindical de baixo para cima possa se desenvolver plenamente sem, ao mesmo tempo, conquistar liberdades fundamentais e, finalmente, a democratização do Estado. Isso dá um caráter radical a iniciativas sindicais pela base. Seus traços políticos e classistas podem se manifestar de forma mais direta.
O verdadeiro socialismo não será alcançado somente pelo desenvolvimento das forças produtivas. Socialismo é sinônimo principalmente de controle coletivo da produção, democracia política e redução do tempo de trabalho para dar aos trabalhadores condições de participar da administração da sociedade. Nenhum desses elementos está presente na China hoje.
Mas com meio bilhão de operários, há poucos lugares no mundo em que construir o verdadeiro socialismo seja tão possível como na China. Desde que, é claro, os trabalhadores chineses derrotem sua classe dominante e seus aliados do capitalismo ocidental.
Leia também: China: fale sobre socialismo, enquanto implanta o capitalismo
Gostei disso: "... a mão invisível do mercado é sempre apoiada pela bota visível do Estado.". Se por um lado a luta econômica dos trabalhadores está colada com a política e isso possa ser interessante, por outro lado, isso se torna ainda mais difícil, considerando ainda a importância, respeito e consideração que a economia chinesa desempenha entre seus pares no mundo capitalista.
ResponderExcluir