Doses maiores

27 de novembro de 2020

O potencial anticapitalista dos jogos

O que é um videogame, pergunta Jamie Woodcock em seu livro “Marx no Fliperama”. Segundo ele, seria um meio dinâmico que envolve um conflito estruturado em busca de um objetivo através de um “aparato audiovisual”. Tais características o diferenciam dos outros jogos, assim como de outras formas de arte ou cultura, tendo se tornado um fenômeno de massa.

O autor também lembra o que disse o sociólogo francês Roger Caillois, segundo o qual, jogos "não criam riqueza ou bens, diferindo assim do trabalho ou da arte." Neste processo, Caillois argumenta, “nada foi colhido ou fabricado, nenhuma obra-prima foi criada, nenhum capital foi acumulado. Brincar é uma ocasião de puro desperdício: perda de tempo, energia, engenhosidade, habilidade e, muitas vezes, dinheiro para a compra de equipamentos necessários e, eventualmente, para pagar o estabelecimento.”

Adaptando essa ideia de Caillois para o pensamento de Marx, Woodcock entende que o jogo pode ser um meio para que seus participantes deixem de ser trabalhadores por um tempo limitado, tornando-se, de forma lúdica, algo mais do que escravos dos limites do capitalismo”.

Por um momento, diz ele, é possível não ser mais um trabalhador, mas alguém livre para explorar novos mundos fora do trabalho penoso imposto pelo capitalismo. Um espaço de experimentação, descobertas e também de recuperação das energias exauridas pela exploração capitalista.

Mas será que a esfera dos jogos também poderia possibilitar uma atividade lúdica anticapitalista? Woodcock não só afirma que sim, como dá alguns exemplos muito interessantes. Entre eles, quem diria, o famoso “Banco Imobiliário”, que foi criado para denunciar os monopólios. É o que veremos na próxima etapa.

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