Em seu livro “China: Um capitalismo burocrático”, Au Loong Yu caracteriza o
sistema chinês como uma variante do capitalismo burocrático, porque, além das
características comuns que compartilha com o capitalismo autoritário de Estado,
ele apresenta peculiaridades próprias.
Pode-se até dizer que a burocracia privatizou o estado, diz o autor. Nas
décadas de 1980 e 1990, continua Au Loong, o surgimento dos capitalistas
privados fez muitos críticos ao regime acreditarem que eles se tornariam a
vanguarda das lutas democráticas chinesas. Estavam totalmente equivocados.
Desprezaram um fato fundamental: os capitalistas privados devem sua própria
existência ao partido.
Esta é a razão pela qual os capitalistas privados não levantam um dedo contra a
ditadura de partido único. Ao contrário, os mais ambiciosos procuram ingressar
no partido, tornar-se deputados no Congresso do Povo ou, mais importante,
manter um relacionamento amigável com os mandarins do poder.
Já os líderes do partido acumularam suas fortunas em empresas estatais, sem
possuí-las nominalmente. Se esse tipo de corrupção não é exclusivo da China,
sua implantação em tal escala certamente o é.
É também aqui que aparecem as diferenças entre um país que passou por uma
revolução social e os países capitalistas autoritários que não o fizeram.
Aqueles que consideram a economia estatal necessariamente mais progressista do
que a economia de mercado ignoram que ambas convergem em seus objetivos maiores:
ganhar dinheiro para os mandarins e para os acionistas privados.
O conluio entre essas duas frações de capital é tão forte que ou elas prosperam
juntas ou caem juntas. Na luta de classes, não estão ao lado dos trabalhadores
e outros setores dominados.
Continua...
Leia também: Os
três centros de aprendizagem capitalista da China
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