"Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra", diz a famosa passagem do Gênesis.
Nos final dos anos 1980, setores evangélicos interpretaram o trecho acima como um mandato para dominar o mundo, inclusive nas esferas não religiosas. Surgia a teologia do domínio.
“Chegara a hora de os ímpios serem governados pelos abençoados”, pregavam os evangélicos adeptos dessa doutrina. E para chegar ao poder, eles precisam avançar sobre os “Sete Montes”: família, religião, educação, mídia, entretenimento, finanças e governo.
Em 1987, o deputado da Assembleia de Deus, Matheus Iensen, propôs a emenda parlamentar que aumentou de quatro para cinco anos o mandato de José Sarney. Três dias antes da votação da proposta, foram liberados 110 milhões de cruzados para a Confederação Evangélica do Brasil
As concessões de rádio e TV se tornaram importantes moedas de troca. Entre 1985 e 1989, o presidente concedeu 632 canais FM e 314 AM. Deputados da bancada evangélica receberam sete concessões de rádios e duas de TV.
Em 2005, com uma grande emissora de TV nas mãos, a Universal fundou o Partido Republicano Brasileiro. Entre seus filiados, estava o então vice-presidente da República de Lula, o empresário José de Alencar.
As informações acima estão no livro “A Fé e o Fuzil”, de Bruno Paes Manso. Mostram a gênese de um fenômeno que viria a ajudar a fortalecer algo que, sem ser divino ou diabólico, manifesta-se como uma das piores formas da maldade humana: o fascismo.
Leia também: Fé e Fuzil: lições sobre hegemonia pentecostal
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