Com a chegada dos pentecostais à arena política no início do século, o debate passou a girar em torno dos costumes que, teoricamente, numa república democrática, deveriam ficar restritas ao universo privado, diz Bruno Paes Manso, em seu livro “A fé e o fuzil”.
Os temas morais ganharam destaque. As leituras da Bíblia e não os debates técnicos indicavam o caminho sobre políticas públicas e os rumos do país. Nesse sentido, o que aconteceria se os pentecostais se tornassem a maioria do eleitorado? Uma guerra santa? Não necessariamente.
Pentecostalismo não é sinônimo de alienação ou de fanatismo, afirma Manso. Marina Silva foi senadora, deputada federal e ministra de Estado. Apesar de ser missionária da Assembleia de Deus, sempre evitou levar suas crenças para o debate público. Manteve um diálogo ecumênico com indígenas, quilombolas e ribeirinhos em defesa de causas comuns. Nas três eleições presidenciais que disputou, entre 2010 e 2022, nunca usou a religião para ganhar votos, ressalta o autor.
Anthony Garotinho foi o primeiro candidato à Presidência a ser apoiado pelos evangélicos. Apesar da boa votação, não chegou ao segundo turno. Os governos Lula e Dilma receberam o apoio dos evangélicos nos partidos do centrão. A eleição de Marcelo Crivella, bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, para a prefeitura do Rio foi um primeiro sinal de alerta.
Depois, Bolsonaro recebeu sólido apoio das cúpulas evangélicas. Pouco importava que fosse um dos políticos mais infames da história brasileira. O “sagrado” sempre esteve em disputa nas lutas pelo poder. Ultimamente, inclinando-se fortemente à direita.
A luta de classes escreve reto por linhas tortas ou vice-versa.
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